Uma cadeira de rodas manual é o transporte de Brayan Kevin Correia há 15 anos. Ele nasceu com uma condição chamada mielomeningocele (MMC). Se trata de uma malformação congênita que afeta os ossos da coluna e a medula espinhal, sendo também conhecida como “espinha bífida aberta”.

Foi algo que pegou toda a família de surpresa mas, pouco a pouco, ficou claro que a doença era “apenas” uma adversidade na vida do garoto e não impediria Brayan de realizar seus sonhos.

Mas o garoto recebeu uma importante ajuda nesta semana. Através de doações dos “anjos”, como as pessoas que colaboraram na Ação Entre Amigos são chamadas, Brayan ganhou um Triciclo Scooter, que foi entregue pelo Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) de Timbó nessa quarta-feira, dia 3.

A emoção era visível e, de imediato, Brayan já experimentou seu novo meio de transporte – que foi 100% aprovado. “Vai ser muito bom. Agora posso me locomover facilmente para lugares mais longes. Como minha mãe não tem carro, a única forma que tenho para me movimentar é na cadeira de rodas manual ou, então, de táxi. Essa Scooter é mais que bem-vinda”, comemora.

Uma nova vida para Brayan

A mãe do rapaz, Marlene Knopp, de 48 anos, revela que ficou espantada com a rapidez das pessoas em ajudarem na causa. Isso porque a campanha para ajudar na compra desse triciclo começou há apenas uma semana.

“Eu tenho uma bicicleta para ir aqui e lá, então sempre íamos juntos pelos lugares, mas é complicado às vezes né? Quando é muito quente, ou quando chove também”, comenta.

Ela até mesmo desabafa que, apesar de hoje não se importar mais com as opiniões negativas alheias, há pessoas que a questionam sobre a liberdade que Brayan tem de ir aos lugares sozinho.

“Uma vez uma mulher me parou e disse que era um absurdo deixá-lo andar sozinho por aí. Então a questionei pedindo o que tinha demais nisso, afinal, crianças menores que ele andam sozinhas de bicicleta por aí também. Qual é a diferença?”, indaga.

Para acompanhar como está a saúde do filho todos os anos, ambos fazem pelo menos três viagens até Belo Horizonte, onde Brayan faz as consultas (sendo internado quando necessário).

Para Marlene, o fato do filho ser independente é mais do que necessário. “Se eu não estiver mais aqui amanhã ou depois e ele não souber fazer as coisas sozinho, como fica? Ele precisa se virar, assim como todas as crianças e adolescentes”, reflete.

Hoje ela tem uma facção em casa e Brayan, agora que tem a Scooter, pretende iniciar um curso, mas está na dúvida se vai optar por aulas de violão ou de computação.

Uma ação de todos

Atualmente Brayan está na 9ª série do ensino fundamental e, todos os dias, precisa subir um morro para chegar até na escola. Nem sempre o rapaz encontra ajuda, mas consegue se virar sozinho – e foi isso que chamou a atenção de outras pessoas, que se admiravam com a força de vontade do estudante.

Um dos empecilhos para ele, todos os dias, era um poste que ficava na beira da calçada tornando a passagem estreita, obrigando-o a descer para a rua (coberta por paralelepípedos) por um percurso.

A história chegou até o Conseg e à Celesc. A vice-presidente do órgão, Ana Lúcia Zemuner, junto ao gerente da Celesc de Timbó, Juliano Bachmann, foram até na escola.

“A melhor solução seria construir uma calçada do outro lado da rua, porque não tinha como tirar o poste dali. Com a parceria da prefeitura de Timbó isso foi feito, beneficiando todos os estudantes e pais da escola e do jardim que tem ali perto”, relata Ana.

O triciclo que Brayan recebeu nesta semana pertencia, até então, ao Carlinhos Moser, que também é portador de necessidades especiais e não se adaptou ao meio de transporte, vendendo-o então para Brayan por R$ 2.200,00 (incluindo a manutenção), sendo que um novo está avaliado em R$ 8 mil.