“Aqui não existe limitação”, Flávio Reitz

Flávio Reitz é paratleta e fala da transformação do Clube Roda Solta na vida das pessoas

Por Aline Christina Brehmer 18/04/2019 - 13:41 hs
Foto: Daniel Zappe

No esporte, assim como na vida, não há limitação para quem tem um sonho. Prova viva disso são os timboenses Silvio dos Anjos, Leandro Gabriel e Vera Uller, que são paratletas e participam do Clube Roda Solta, uma associação esportiva para pessoas que possuem alguma deficiência física.

O Clube conta ainda com a participação do técnico de Atletismo Paraolímpico de Itajaí, que também é timboense, Sidney Alexandre Reinhold. A entidade foi criada em 2003, na cidade de Itajaí, por um grupo de pessoas que possuíam alguma limitação física. Com o tempo a ideia foi ganhando força, crescendo e hoje tem até Centro de Convivência.

Um novo significado na vida de Reitz

O representante do Clube Flávio Reitz, de 32 anos, foi uma das pessoas que teve sua vida transformada graças ao esporte. Após perder uma das pernas devido a uma grave doença, descobriu que sua vida poderia ter um novo significado.

“As pessoas chegam para nós falando aquilo que elas não conseguem fazer. Uma pessoa com deficiência visual, por exemplo, fala sobre não conseguir andar sozinha, um cadeirante que diz que não consegue correr. Mas nós trabalhamos com outra percepção, questionando-a sobre o que ela quer e pode fazer”, explica.

Se a pessoa conseguir levantar apenas 10 graus do seu braço, por exemplo, Reitz diz que esse movimento será treinado para que ela possa subir esse mesmo braço até chegar nos 20 graus.

“Isso mostra que todos têm uma capacidade que nem mesmo as próprias pessoas acreditavam ter. A mudança é nítida, por isso é sempre muito interessante e incrível compartilhar os resultados de cada um antes e depois de entrarem para o Clube. As pessoas têm o hábito de evidenciar o problema, mas nós evidenciamos a capacidade. Aqui não existe limitação”, reflete o paratleta.

Modalidades para todos

Reitz começou a desenvolver suas atividades físicas como paratleta há 12 anos no handebol em cadeira de rodas (integrando a segunda equipe do país a ser criada nessa modalidade).

“Viemos participar de um jogo em Itajaí e foi ali que me convidaram para conhecer outros esportes no Clube. O handebol na época era o forte, mas já tinha também basquete, natação, atletismo, entre outras”, relembra.

O trabalho realizado no Clube é feito de forma completamente voluntária, contando com apoio de psicólogo, nutricionista, educador físico e outros profissionais.

“Através da parceria que firmamos com a Fundação de Esportes de Itajaí, participamos dos Jogos Abertos Paradesportivos de Santa Catarina (Parajasc). Hoje encaminhamos nossos paratletas para representar o Clube nas etapas regionais e também nacionais”, comenta.

Enfrentando as dificuldades

Uma modalidade citada por Reitz que, em seu ponto de vista, representa a maior dificuldade do Clube atualmente, é o tênis em cadeira de rodas. “Somente a inscrição fica em torno de 300 a 400 dólares, isso sem contar hospedagem, alimentação e outras despesas”, desabafa.

Já de forma geral o representante cita como um empecilho, por vezes, não conseguir levar os paratletas para todas as competições que seriam necessárias devido à falta de recursos financeiros. “Estamos tentando solucionar isso com eventos beneficentes, firmando parcerias. Meu objetivo dentro do Clube é tornar ele sustentável”, relata.

No que diz respeito ao trabalho voluntário, Reitz faz um desabafo. “Sempre estamos em busca de pessoas que se dediquem à causa. Hoje não temos como oferecer remuneração para ninguém e, sem dúvida, a falta de conhecimento acerca do que realmente fazemos é o que barra muitos de auxiliarem. O objetivo hoje é atender o máximo de paratletas que conseguirmos aqui, proporcionando a eles novas experiências e o prazer de praticar alguma atividade física”, esclarece.