Zito Bona e suas 200 toneladas de banana

Em seus sete hectares, Zito Bona cultiva mais de 15 mil pés das bananas caturra e prata

Por Aline Brehmer 26/07/2019 - 09:48 hs
Foto: Marcelo Dias/Jornal Café Impresso
Zito Bona e suas 200 toneladas de banana
Há quase 40 anos o fruticultor cultiva bananas em Rio dos Cedros

São milhares de metros quadrados. Ali, mais de 15 mil pés de banana plantados. A ampla área cultivada pelo fruticultor Zito Genésio Bona, em Rio dos Cedros, o coloca entre os principais produtores de banana da cidade.

O terreno, herdado pelo seu pai, sempre foi a casa a agricultura. Mas desde que Zito voltou, há 35 anos, o bananal começou a tomar conta do lugar. Primeiros vieram as plantações da banana caturra e, pouco tempo depois, a banana prata ganhou seu espaço.

É com a venda desses cachos, que chegam a pesar até 50 quilos, que ele construiu sua história e constituiu sua família. A vida de agricultor é algo que ele abraçou há quase quatro décadas – e nunca se arrependeu.

Ontem, dia 25, foi comemorado o Dia do Colono e, para Zito, é uma profissão especial por diversas razões. “Considero a vida de agricultor, e colono no geral, como algo vocacionado. É uma vida mais liberal, você não precisa bater cartão, mas claro que ao mesmo tempo é necessário ser muito responsável. Começo meus dias às 6h e não tem feriado ou fim de semana, é preciso estar sempre de olho, cuidando e cultivando. A vida de agricultor precisa ser gerida igual como se faz com uma empresa. Controlar o que entra de lucros e as despesas, é a mesma situação”, relata o fruticultor.

Foco na qualidade

E esse trabalho, com o plantio de um pé após o outro, hoje rende cerca de 200 toneladas de colheita por ano para a família (uma média de 16,6 por mês). Zito explica que, durante o inverno, a banana prata produz menos, mas a caturra compensa esse déficit e, sendo assim, ele encontra equilíbrio para manter sua produção.

“Hoje minha plantação está meio a meio. Existe procura pelos dois tipos e sempre há um que, naquela estação, produz mais e melhor, compensando a outra espécie da fruta. Tenho outros hectares arrendados também e irei continuar trabalhando com isso até quando conseguir”, garante o agricultor.

Zito revela que seu próximo objetivo é ampliar a produtividade de suas plantações. Ele já chegou a ter 50 mil pés plantados, mas, após anos de experiência, diz que hoje leva mais em consideração o ditado “menos é mais”, prezando pela qualidade de seus produtos.

Por toda a Serra Catarinense

A vida de agricultor também sofre com calotes, e Zito perdeu a conta de qual foi o valor do prejuízo. Entretanto, hoje possui um comprador fixo que faz a venda de toda a sua colheita para a região da Serra Catarinense.

O agricultor oferece um serviço completo. Por ter um galpão onde já são feitas as embalagens, ele entrega a fruta pronta (e ainda verde) para venda. No caso da banana caturra, cujo um único cacho pode chegar a pesar 50kg, hoje, como o preço está bom, o valor da venda por quilo é, em média, de R$ 0,80. Já no caso da banana prata, o valor desse mesmo peso é em torno de R$ 0,90.

Medo do futuro

Aos 57 anos, mais da metade de sua vida Zito dedicou, com orgulho, à agricultura. Mas mesmo tendo disposição para continuar os trabalhos hoje, ele revela se preocupar com o futuro de seu plantio – e também da agricultura em geral.

“Hoje há outras opções. Indústrias e empresas, aqui perto mesmo. Aí os jovens vão estudar e depois começam a trabalhar nesses locais e não voltam mais para dar andamento aos plantios e à vida de agricultor. Tenho uma filha que é formada em Comércio Exterior e mora em Balneário Camboriú. Já meu filho, que tem 24 anos, está estudando Agronomia na UFSC. Existe a chance que ele volte, mas não é nada certo também”, comenta.

E, diante dessa realidade que muitas famílias e colonos compartilham, ele deixa um questionamento. “Se a próxima geração não assumir a agricultura familiar, que hoje alimenta tantas e tantas famílias, o que iremos comer? Apenas comidas industrializadas? E como fica a saúde nessa história? É algo a se pensar”.