“Meu filho não era um objeto de descarte, era um ser humano”, desabafa Darlei Pisetta

Neste domingo, 11, será o primeiro Dia dos Pais de Darlei Pisetta sem seu goleiro preferido e filho caçula Bernardo, que faleceu após tragédia no Ninho do Urubu em fevereiro deste ano

Por Aline Brehmer 09/08/2019 - 12:12 hs
Foto: Divulgação/Redes sociais

“Sempre passamos todos os Dia dos Pais e datas especiais juntos. Vai ser a primeira vez sem ele. Presente o Bernardo sempre vai estar, espiritualmente e em nossos corações, mas fisicamente não. Nossa família sempre se reúne nessa data e vai ser difícil”.

As palavras são de Darlei Pisetta, pai de Bernardo Pisetta. Nesta semana a tragédia no Ninho do Urubu completou seis meses, marcando o dia 8 de fevereiro como a data de uma despedida forçada de Bernardo, que tinha 14 anos, e outros nove jovens.

Em entrevista concedida ao Café TV, que vai ao ar na FanPage do jornal neste domingo, dia 11, Darlei relembra momentos que viveu junto ao filho mais novo que vai ser, hoje e sempre, seu goleiro preferido.

Em seu primeiro Dia dos Pais após a tragédia, ele conta que desde o princípio toda a família sempre apoiou o sonho de Bernardo em ser jogador de futebol. “Meu filho só não chegou na Seleção porque foi embora antes, se não tenho certeza que estaria lá agora”, reflete ele que, também, é pai de Murilo, de 20 anos.

Coleção de bons e inesquecíveis momentos

Darlei lembra com exatidão qual foi a última conversa que teve com Bernardo, assim como da última vez em que o viu com vida, no início deste ano. “Muitas vezes todos nós esquecemos por alguns instantes de tudo o que aconteceu e pensamos que ele está chegando aqui em casa, como aconteceu tantas e tantas vezes; mas depois acabamos nos lembrando que isso não vai mais acontecer”, diz.

E em meio a 14 anos de convivência com o caçula, a coleção dos bons e inesquecíveis momentos é algo que Darlei faz questão de manter intacta. E é em meio a essas lembranças que ele deixa sua mensagem de Dia dos Pais.

“O que digo é para aproveitar o máximo que você pode os seus filhos. Escute o que eles têm a dizer. Compartilhe dos sonhos deles e busque, de todas as formas, realiza-los. Quando o Bernardo começou não tínhamos noção que ele chegaria onde chegou e sempre, sempre, estivemos ao seu lado, é algo que hoje nos traz um pouco de conforto, saber que dizemos tudo o que estava ao nosso alcance”, aconselha.

Situação ainda não teve desfecho

Questionado sobre sua relação com o Flamengo hoje, Darlei é enfático. “Nós não somos, de forma alguma, contra o Flamengo. Respeitamos muito a entidade Flamengo e não temos raiva ou mágoa. Temos, sim, um pouco de desgosto com a diretoria do time, que poderia ter vindo conversar com a gente, mas não veio, quem entrou em contato conosco foram os advogados. Meu filho não era um objeto de descarte, ele era um ser humano. Estamos recebendo apoio financeiro e psicológico, mas acredito que a conversa seja o primeiro passo. Faltou essa humildade por parte da diretoria conosco e com as outras famílias também”, revela.

Darlei explica que há cerca de 40 dias foi enviada uma proposta para a diretoria do time e que, até o momento, segue em análise. A entrevista completa com Darlei Pisetta você confere neste domingo na FanPage Jornal Café Impresso.