Ainda é possível vislumbrar os momentos de terror e tristeza que tomaram conta da família Bruno. Onde há exatos quatro dias havia uma casa, um lar, agora há apenas pilhas de madeiras queimadas.

Em meio aos destroços, dá ainda para ver o que restou da geladeira, os papeis desenhados pelas crianças, o que ficou da cama e outros móveis, roupas. Não foi possível salvar nada, nem mesmo os documentos.

As chamas tomaram conta rápido e, em um piscar de olhos, já era tarde. Porém, se nada restou dos pertences, há um lado bom: ninguém se feriu.

Em questão de segundos

Tudo aconteceu na manhã dessa terça-feira, dia 10. Fernanda Ribeiro da Rosa, de 28 anos e seu marido Leandro Eucir Batista Bruno, de 31 anos, estavam trabalhando.

Na casa, localizada no bairro Rio Morto, ficaram as três filhas: Ana Carolina Menezes, de 12 anos; Kauane da Rosa Menezes, de dez anos e Ketlin Cristina da Rosa Bruno, de três anos. Quem cuidava delas era uma das vizinhas que, a tempo, saiu da casa com as garotas.

“Uma das minhas filhas estava tomando banho quando apagou tudo. Foi questão de segundos até elas irem para o quarto e, quando chegaram, só viam o fogo. Então saíram correndo”, relata Fernanda.

Por trabalhar perto de sua casa, ela foi avisada do que estava acontecendo pela filha mais velha, Ana. No momento, o susto e o desespero tomaram conta da família, mas hoje, olhando para trás, Fernanda e o marido encontram motivos para agradecer.

“Graças a Deus que minhas filhas estão bem, nada aconteceu com elas e nem com minha vizinha. Hoje estamos mais calmos e por enquanto fomos hospedados por uma conhecida nossa, mas temos nossos serviços e vamos continuar a vida, recomeçar”, confidencia Fernanda.

Força para recomeçar

Em meio à missão de iniciar um novo capítulo em sua vida, a família recebeu uma grande ajuda, que veio da comunidade. Ao lado da casa que agora já não existe mais, há outra residência de madeira.

Ali dentro não há espaço para andar devido às doações recebidas: móveis, roupas de cama, roupas para a família, eletrodomésticos, itens que representam gestos de solidariedade.

Hoje, segundo Fernanda, a única coisa que ainda falta são os calçados para as filhas, que calçam os números 26 e 36. “Nós só temos a agradecer. Fomos surpreendidos diante de tanta empatia e solidariedade. Sem dúvida essas atitudes nos incentivam e ajudam muito”, agradece.

Bombeiros e heróis

A casa onde a família morava era alugada e fica em meio a outras duas residências, que também são de madeira mas, graças à agilidade dos Bombeiros Voluntários de Indaial, não chegaram a ser atingidas.

“Os bombeiros foram muito rápidos. Em questão de dez minutos estavam aqui. Sem dúvida eles salvaram as outras casas e até mesmo nossas vidas”, agradece um dos vizinhos do casal Bruno.

O trio de residências pertence a Sidomar Andres, de 30 anos. Ele diz que não pensa em reconstruir. “Vou apenas limpar o local e deixar em aberto esse espaço aqui no meio. Adiante, se a família se interessar, essa casa onde hoje estão as doações pode ser reaberta para locação”, comenta.

No incêndio foram gastos cerca de 4 mil litros de água para controlar e combater as chamas. O Instituto Geral de Perícias (IGP) esteve no local para colher os depoimentos da família e dos vizinhos, além de investigar a causa do incêndio. Segundo Sidomar, tudo indica que tenha sido um curto circuito, já que o disjuntor não desligou. Entretanto, a confirmação do real motivo que deu início às chamas só poderá ser dada após o laudo do IGP ficar pronto.