Cultivo regado com dedicação e amor

Plantação e comercialização de pupunha e arroz é o sustento do casal Dallagnolo, de Rio dos Cedros

Por Aline Brehmer 20/07/2018 - 14:09 hs
Foto: Marcelo Dias/Jornal Café Impresso
Cultivo regado com dedicação e amor
Juntos há 29 anos, o casal construiu sua história e família em meio à vida rural

Rio dos Cedros: cidade que abriga muitas histórias e riquezas. Mas, acima de tudo, em sua ampla extensão territorial, de 555,7 metros quadrados, se destacam as incomparáveis belezas naturais, que ganham um ar ainda mais especial por estarem rodeadas por uma das atividades mais fortes da região: a agricultura.

E é em uma dessas localidades que a redação do Jornal Café Impresso esteve nesta semana, conhecendo mais uma grande história que, dentre tantas outras, homenageia o Dia do Colono, celebrado na próxima quarta-feira, dia 25.

O casal Jadir Dallagnolo, 54 anos e Darci Dallagnolo, também de 54 anos, cultivam hoje arroz e pupunha (palmito), plantação que ocupa 20 hectares de seu terreno. “Minha família já cultivava arroz e cresci nesse meio, aprendendo as técnicas e truques. Nunca trabalhei com outra coisa e nem consigo me imaginar lidando com algo diferente no dia a dia”, comenta Dallagnolo.

Toda a renda do casal vem do que cultivam. Há algum tempo fazia parte do plantio também a banana, mas faz um ano que essa opção foi descartada, perdendo lugar para a pupunha, que segundo Dallagnolo é vendida in natura.

Cultivo com amor

A rotina dos Dallagnolo começa cedo, e mesmo o rigoroso frio que visitou a região na última semana não abala o trabalho do casal. “Acordamos geralmente às 6h ou até antes e então é hora de fazer o café da manhã. Logo em seguida nossos filhos, Gustavo e Guilherme, vão trabalhar e a gente vai para a lavoura”, comenta Darci.

Além da pupunha e do arroz, o casal cultiva também uma pequena horta, com alface e outros legumes – mas esses são para consumo da própria família, além de alguns amigos e vizinhos.

“A gente mora longe do Centro e do mercado. Além disso, é muito bom colher e comer alimentos bem frescos. A mesma coisa acontece com as frutas, sempre tem algum pé que está em época de apresentar seus frutos por aqui”, diz Dallagnolo.

E depois?

Durante a conversa, enquanto o casal apresenta parte do terreno e das plantações, Dallagnolo compartilha uma preocupação relacionada ao futuro de sua propriedade.

“Meus dois filhos são engenheiros e optaram por seguir outro caminho, trabalham em uma empresa de Timbó. Eu e minha mulher damos conta agora do serviço, temos nossa rotina e gostamos disso, afinal, foi daqui que veio todo o recurso para criarmos nossos filhos, oferecer essa oportunidade de estudo a eles. Mas, por outro lado, preocupa pensar como ficará isso tudo o dia que a gente não puder mais cuidar”, desabafa.

Um fator ainda mais agravante para o casal é o fato de que os sucessores de agricultores da região também estão seguindo caminhos diferentes. “Acredito que cerca de 80% dos sucessores não vão assumir as propriedades de seus pais. Isso é preocupante, mas a vida é diferente hoje, há tantas oportunidades e nem todos querem ficar”, analisa Darci.

História que dá orgulho

Passando pelo terreno, avistamos os cerca de dez hectares onde estão plantadas as pupunhas, que levam entre um ano e meio a dois anos para serem colhidas após o plantio – sendo que algumas já se mostram preparadas para a colheita.

Já no mês que vem, em agosto, iniciam os preparativos para a nova remessa de plantação do arroz, quando os serviços já começam de madrugada. “O ciclo desde o plantio até a colheita do arroz gira em torno de 155 a 160 dias. Quando o inverno começa a se despedir para dar lugar à primavera e ao verão novamente, a gente têm o costume de acordar mais cedo, aproveitar o ar fresco. Além de ser um clima mais agradável e suportável”, comenta o agricultor.

Diante da rotina corrida do dia-a-dia e contínuos afazeres, os Dallagnolo têm apenas uma certeza: vão levar sua vida no campo até onde puderem. “Nos faz bem. Optamos por esse modo de viver e não nos arrependemos. O que vemos aqui é nosso, fruto de nosso trabalho e suor. Dá orgulho ver tudo o que já construímos”, compartilha o casal, que está junto há 29 anos.