Ainda há cívicos e patriotas?

Através do dia 7 de setembro, escolas da cidade buscam meios de conseguir reviver para as crianças e jovens o real significado da data

10/09/2018 - 10:01 hs

A partir das 8h30min de hoje, Dia da Independência do Brasil, o Centro de Timbó ganha um novo ritmo, mas, neste ano, a programação do Desfile Cívico terá algo diferente. O desfile vai iniciar na esquina da rua Ruy Barbosa, sentido Getúlio Vargas e sobe a rua Prof. Július Scheidemantel, até o portal do Parque Henry Paul.

A mudança no trajeto se deve ao fato de que o local até onde o desfile era feito antes, quase defronte ao Complexo Turístico Jardim do Imigrante, na Thapyoka, causava muito transtorno, principalmente aos pais. “O pedido da mudança partiu de várias famílias de Timbó e também da Polícia Militar. Devido a isso, também haverá alteração de mão na rua Carlos Strey, paralela ao Rio Benedito, que leva ao parque”, explica o prefeito Jorge Krüger.

Conforme os pelotões chegam no Parque Henry Paul, escoteiros estarão ajudando no estacionamento, que terá local específico para quem for participar da Churrascada da Independência, evento que acontece tradicionalmente todos os anos, logo após o fim do desfile.

Responsáveis por criar o ritmo e organizar o desfile, as pessoas responsáveis por tocas os instrumentos das fanfarras passaram semanas treinando e se programando junto com os alunos. A redação do Café Impresso visitou algumas escolas nesta semana para acompanhar de perto esses ensaios e saber dos professores: os alunos ainda sabem o real significado e valor do que o dia 7 de setembro, data marcada pelo “Grito do Ipiranga”, em 1822, representa? Confira a seguir as respostas.

Escola Hugo Roepke

“É muito importante a participação dos alunos na fanfarra, e aqui isso ocorre de forma maravilhosa. Porém, como muito a disciplina dos alunos, como se fosse algo que realmente faz parte da grade curricular. Mas, de forma geral, percebo que o sentimento de civismo está se perdendo. Importante falar que a musicalização vai muito além da fanfarra e seria interessante que essa disciplina, de fato, fizesse parte das aulas, que o governo investisse nisso. Acredito que a música exerça forte poder na vida dos jovens, envolvendo características como respeito e disciplina de modo geral. Hoje, há 20 estudantes participando da fanfarra aqui na Escola de Ensino Fundamental Hugo Roepke e outros que vêm de fora”, Fabrício Raitz de Jesus, professor de fanfarra nas escolas EEF Hugo Roepke e Escola de Ensino Fundamental Emir Ropelato

Escola Ruy Barbosa

 “Vejo a fanfarra como uma oportunidade na formação de muitos jovens músicos, dando a eles a oportunidade de ter seu primeiro contato com uma linha melódica bem definida. Aqui na Escola de Educação Básica Ruy Barbosa nós estudamos a disciplina de Música, contando com uma excelente sala, onde os alunos aprendem a parte teórica e prática também. Vejo a música como um ótimo meio de meditação, concentração e expressão dos nossos sentimentos. Hoje nossa fanfarra conta com 29 alunos, todos estudantes daqui e, chegado o dia 7, digo que ainda acredito nos sentimentos cívico e patriótico desses jovens, mesmo em meio aos momentos difíceis que vivemos hoje. Sem patriotismo não há valores, nem referências e acredito que estaremos formando grandes profissionais aqui, que nos darão muito orgulho ainda por sermos patriotas”, Jonas Tristão, professor de Arte e Música na EEB Ruy Barbosa

Escola Júlio Scheidemantel

“Ao ver meus alunos se envolvendo na fanfarra da escola percebo como é algo importante por ser uma atividade que envolve a cultura, disciplina, compromisso e interação social, afinal, participamos em eventos com outras bandas também. A música em si é algo muito poderoso. Falando em específico do dia de hoje, percebo que ainda há sim sentimento de civismo nos alunos, até pelo fato de que a participação na fanfarra é algo opcional, mas ainda assim os 40 participantes (99% da escola) se dedicam aos fins de semana e outros dias para treinar. Isso representa o amor pela data. Mas, por outro lado, vejo muitas pessoas que hoje só cantam o Hino Nacional e da Independência na Semana da Pátria, algo que isso deveria ser mais incentivado”, Cláudio José Martins, professor de Fanfarra da Escola de Educação Básica Professor Júlio Scheidemantel

Escola Nestor Margarida

“Comecei a desfilar no dia 7 com oito anos e lembro que na época o pessoal era mais animado, participar desse dia era como uma lei. Hoje muita gente já não leva mais muito a sério a importância dessa data. Em muitos pelotões de outros locais os alunos vêm para brincar, pegam o celular no meio do ensaio. Estamos, aqui, tentando resgatar o sentimento de civismo dos alunos. Os professores estão trabalhando em conjunto para isso e a vinda da Banda Municipal ajudou bastante também. Esse resgate é algo difícil, mas não impossível e vemos aqui jovens se dedicando ao máximo para fazer bonito. O resultado disso iremos ver hoje”, José Carlos Sitehler Junior, professor de música na Escola Municipal Professor Nestor Margarida