Ao chegar na casa de Rose, ele é o primeiro a dar as boas-vindas. Visivelmente saudável e alegre, Zeus nem de longe aparenta ser aquele cãozinho que, em junho deste ano, quase perdeu a vida após sofrer graves maus tratos e ter uma de suas patinhas traseiras amputadas.

Na ocasião, a redação do Café Impresso conversou com as médicas veterinárias que cuidaram dele, Kotaka e Marina Padilha, que revelaram a gravidade da situação. “Ele estava com prolapso do reto, que é quando parte do intestino vem para fora através do ânus, então foi uma cirurgia de emergência. Mas ele reagiu de forma positiva. Nós queríamos salvar a patinha dele, mas não foi possível. Havia múltiplas fraturas e não tivemos outra saída senão amputá-la”, explicaram na época.

Pouco mais de dois meses após isso tudo acontecer, o estado de Zeus hoje comprova apenas uma coisa: que o amor, carinho e cuidado podem transformar qualquer vida para melhor.

Amor à primeira vista

Zeus hoje reside com sua nova família em Rio dos Cedros e ganhou dois irmãos caninos: Juju e Aikos, que foram resgatados por Rose há alguns anos. “A Juju está comigo há pouco mais de três anos e o Aikos chegou ano passado, mas ainda hoje está em tratamento”, comenta.

Rose revela que seu maior receio ao adotar Zeus seria a adaptação, principalmente pela escada que há na casa. Mas, para sua surpresa, o novo integrante nem mesmo pareceu perceber que precisava subir os degraus, sem apresentar qualquer dificuldade.

“Zeus já chegou comandando os outros dois, é ele quem manda”, diz Rose entre risos. A princípio, ela iria cuidar do filhote somente no pós-operatório, mas quando o viu foi amor à primeira vista.

“Hoje Zeus tem cinco meses e já conversei com seu Harry Penz, para comunicar que ele vai ficar comigo. Não teria mais coragem de doá-lo, muito menos viver sem ele. Formamos uma família aqui”, comenta Rose.

Em fase de crescimento

Com 9,5 quilos, a expectativa é que Zeus chegue na vida adulta pesando entre 18 e 20 quilos, mas o espaço disponibilizado na residência comporta de forma confortável os três cães. Sua alimentação, assim como de seus irmãos, é controlada, à base de peito de frango cozido e desfiado e ração.

Na casa da família, todos dormem no quarto e cada um tem sua cama, mas na hora de dormir mesmo Rose precisa dividir seu espaço na cama com os três – e cada um já possui seu luxar fixo.

“A Juju gosta de ficar em cima do travesseiro, o Aikos fica sempre encostado nas minhas costas e o Zeus gosta de ficar deitado na minha frente. Estou pensando inclusive em comprar outra cama ou encontrar um jeito de tornar essa maior, porque estou vendo que logo quem vai ficar sem ter onde dormir sou eu”, brinca Rose.

Abandono e descaso

Em meio aos vários brinquedos, o trio tem seu preferido: a garrafa pet. Mas gostam também dos móveis, cobertores e calçados da dona. Rosa conta que oito pares de chinelos já foram destruídos até agora pela turma.

“As cadeiras, o criado-mudo, a beirada da cama, cada canto tem um vestígio deles. É normal chegar e encontrar a coberta no chão porque o Aikos a arrastou, mas são cachorros e tem um filhote agora, então essas ‘artes’ são normais e esperadas, com o tempo eles ficam mais educados e calmos”, comenta.

E, para ela, é justamente essa falta de paciência que acaba resultando no alto número de animais abandonados em todos os lugares. Rose é protetor independente e hoje abriga outros 22 cachorros – mas não possui uma ONG ou associação, seu espaço é particular.

“Todos foram resgatados e estão sendo cuidados. Aos poucos, alguns são adotados e recebem um novo lar, uma nova chance. Mas é triste ver o descaso e até a falta de humanidade que muitas pessoas têm com esses animais indefesos”, desabafa a protetora.