Slime: brincadeira ou perigo?

A famosa “geleca”, se fabricada de maneira artesanal, por vir a desencadear reações alérgicas em crianças – e em Timbó casos assim já foram registrados

Por Aline Christina Brehmer 08/10/2018 - 08:55 hs
Foto: Crédito da foto Divulgação/Redes sociais

Com certeza se você tem um filho pequeno (ou até um pouco maior), já ouviu falar do slime: uma geleca, estilo massinha, que virou moda entre as crianças – mas essa brincadeira, que tem uma receita caseira e pode ser feita em casa, acaba gerando riscos para algumas pessoas e, em Timbó, já foram registrados casos de criança que acabaram sofrendo devido à essas reações.

A médica dermatologista Jackie Hasse, proprietária da Clínica da Pele, destaca que a confecção desse produto não é proibida, porém, é preciso estar atento à possíveis reações e irritações. Caso isso aconteça, o indicado é interromper a brincadeira.

“Fazer essa geleca é considerada uma brincadeira e manuseá-la se torna um meio de distração e relaxamento, proporcionando às crianças uma experiência sensorial que estimula o reconhecimento de formas, cores e texturas, além de favorecer a tonicidade muscular e motricidade fina, ligada aos movimentos de precisão com as mãos e os dedos”, esclarece a médica.

Mas não são apenas as crianças que se divertem – os adultos acabam tendo também uma sensação de nostalgia com a brincadeira. Para fazer o Slime, há várias receitas práticas na internet e todas elas combinam várias substâncias e químicas diferentes, como cola, tintas ou corantes, produtos de higiene, glitter, óleo para bebê, bolinhas de isopor, água oxigenada, água boricada, bicarbonato de sódio, bórax e outras.

“As reações causadas por essas substâncias, principalmente na pele das palmas das mãos e pontas dos dedos, são sensação de prurido, ardência, eritema, descamação, formação de bolhas e rachaduras que causam dor”, alerta Jackie.

Mas ela frisa que esses sintomas ocorrem com mais facilidade em pacientes que têm histórico de alergia de pele, que tenham pele sensível devido a quadros de dermatite atópica. “Há também quem desencadeie essa alergia pelo excesso de contato da pele com as substâncias irritantes”, complementa a dermatologista.

Tratamento

Mas, felizmente, para quem apresenta sintomas como os citados anteriormente, há tratamento. Jackie indica que a pessoa se afaste do slime e procure a orientação médica de um profissional dermatologista ou alergista, que irá prescrever os medicamentos específicos para alívio e regressão dos sintomas.

“Se houver reações e a criança ou adulto não for tratado, continuando a brincar com o slime, os sintomas de fissuras nas mãos e a dor tendem e aumentar.

Crianças que tenham diagnóstico de dermatite de contato ou dermatite atópica, com histórico de lesões na pele das mãos e pontas dos dedos, não deve brincar com esse produto. O mais indicado é comprar versões prontas e atóxicas do slime”, aconselha a dermatologista.

Mas ela frisa que mesmo essas opções devem ser bem avaliadas, para que o pai se certifique que a criança não tenha alergia a nenhum dos componentes e não vá ingerir.

“Atualmente vamos casos de alergias graves pela manipulação dessas substâncias. Este tipo de reação alérgica, se ocorrer, requer atenção médica com tratamento específico e imediato”, reforça Jackie.

As substâncias que estão presentes na mistura para produzir o slime e que podem causar alergia são:

·         O bórax (borato de sódio), que é a matéria-prima de alguns produtos de limpeza e até inseticidas;

·         A água boricada, uma solução composta por ácido bórico e que contém o mesmo elemento presente no bórax, porém, diluído em água, e por isso apresenta menos risco;

·         Tanto o bórax como a água boricada, em contato com a pele, tendem a danificar o manto lipídico, que é uma fina camada de gordura que hidrata e protege a nossa pele. Isso vai causar ressecamento comprometer a barreira cutânea, especialmente em quem tem maior sensibilidade;

·         O uso de bicarbonato de sódio também é nocivo, pois tem a capacidade de ressecar, favorecendo irritação da pele, principalmente das crianças que já possuem alguma doença prévia com sensibilidade nas mãos e dedos;

·         Água oxigenada, que também pode causar uma dermatite de contato por irritante primário;

·         Quando se trata dos produtos de limpeza (espuma de barbear, shampoos e detergentes), estes, ainda que com um risco menor, podem causar a mesma irritação que acontece, por exemplo, em pessoas que tem alergia a detergente de lavar louças;

·         Em relação às colas e corantes, além do risco de reação alérgica no contato com a pele, existe o risco de toxicidade do contato destes materiais ao levar a mão aos olhos, nariz e, principalmente, à boca.

Clinica da Pele

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