Golpe de mestre na ditadura cubana

Por Aline Christina Brehmer 16/11/2018 - 11:38 hs
Foto: Divulgação/Internet

Nesta semana, o Ministério da Saúde de Cuba anunciou que o país irá sair do programa Mais Médicos. Mas, o que realmente está por trás dessa decisão?

Após o anúncio oficial viralizar, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, se manifestou em suas redes sociais. Segundo ele, "condicionamos à continuidade do programa Mais Médicos a aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou”, disse Bolsonaro em seu Twitter.

Ainda segundo Bolsonaro, “em torno de 70% do salário desses médicos é confiscado pela ditadura cubana".

Como essa decisão afeta Timbó?

Em conversa com o prefeito Jorge Krüger, ele me disse que hoje Timbó tem essa parceria do Programa Mais Médicos com o Governo Federal, na qual o município conta atualmente três profissionais cubanos atuando na área da medicina, distribuídos dentro das nossas unidades de saúde.

“De fato a gente também acha que não é de forma legal que vem sendo gerido esse sistema, até porque hoje dos R$ 11.500,00, que seria o teto do médico, ele fica apenas com R$ 3.500,00 a R$ 4 mil. Ou seja, cerca de R$ 7 mil acaba indo para o governo de Cuba. Frente a esses dados defendemos que o trabalhador, que desenvolve seu serviço, fique também com o seu salário e que esse recurso também fique aqui no país”, alega. Krüger.

Dinheiro que só é bom para Cuba

Krüger reforça que, hoje, os cerca de R$ 80 milhões (montante de recursos ligados aos cerca de 8,5 mil médicos cubanos) sai do Brasil para fortalecer a economia de Cuba.

“A realidade é que hoje o Governo Federal está utilizando de recursos públicos, oriundos dos nossos impostos, e encaminhando isso para outro país. Esse dinheiro necessariamente não gira no mercado brasileiro, não fomenta a economia, não auxilia na geração de empregos daqui. É um dinheiro nosso, mas que está fortalecendo a economia de Cuba. Defendemos que essa parceria seja revista, a fim de que gere mais empregos no nosso país e beneficie a nós, brasileiros”, comenta o prefeito.

Krüger apoia reestruturação proposta por Bolsonaro

“De fato, concordamos plenamente com essa reestruturação que está sendo proposta pelo Bolsonaro, talvez a anistia desses médicos que queiram permanecer, adotando assim as regras do Brasil, a gente tem algumas questões restritivas quanto às questões dos médicos cubanos.

Por exemplo, eles não atendem nas sextas-feiras, uma regra imposta na parceria com o Governo Federal, mas que nos traz alguns prejuízos, porque as pessoas muitas vezes vão nesse dia e não encontram os médicos, mas essa é uma regra do programa”, esclarece Krüger.

Ele destaca que hoje todas as nossas unidades têm médicos e que, caso esses três profissionais cubanos que aqui atuam realmente saiam, outras parcerias serão firmadas. “Iremos buscar outros profissionais que garantam um atendimento cada vez melhor e com mais qualidade aos nossos munícipes”, diz.

Mais de 200 médicos cubanos trabalham em SC

Hoje, Santa Catarina conta com 255 médicos cubanos, que atuam em 200 cidades. Em seus pronunciamentos, Bolsonaro foi enfático ao dizer que "Se eu for o presidente, o cubano que quiser pedir asilo aqui vai ter. (...) Temos que dar asilo às pessoas que queiram. Não podemos continuar ameaçando [de expulsão do país] como foi no passado".

Após Bolsonaro acenar com mudanças nas condições de trabalho dos médicos cubanos no Brasil, o ministério de Cuba emitiu uma nota na qual alega que "Não é aceitável que se questione a dignidade, profissionalismo e altruísmo dos colaboradores cubanos”.

Programa Mais Médicos não será suspenso

O programa Mais Médicos é uma iniciativa do governo da ex-presidente Dilma Rousseff, que prevê a contratação de profissionais brasileiros e estrangeiros para assistir à população brasileira em áreas remotas, isoladas e pobres.

"Estamos formando, tenho certeza, em torno de 20 mil médicos por ano, e a tendência é aumentar esse número. Nós podemos suprir esse problema com esses médicos. O programa não está suspenso, [médicos] de outros países podem vir para cá. A partir de janeiro, pretendemos, logicamente, dar uma satisfação a essas populações que serão desassistidas”.

Bolsonaro reafirmou a exigência que seu governo fará para manter os médicos cubanos no programa. "Se fizerem o Revalida, salário integral e puderem trazer a família, eu topo continuar o programa [com Cuba]”.