Reprovação e abandono escolar: 16,8 bilhões no ralo por ano

País desperdiçou quase 17 bilhões de reais em 2017 entre reprovação e abandono escolar, que atingiram 2,8 milhões de alunos

Por Aline Christina Brehmer 18/12/2018 - 10:49 hs
Foto: Divulgação

O tema da repetência e abandono escolar é antigo – há pelo menos vinte anos que o país já vem calculando esse custo. Em um post no blog do IDados, o pesquisador Guilherme Hirata, traz os dados mais atualizados: http://idados.org.br/blog/taxas-de-reprovacao-e-abandono/

Em relação a 1997, a reprovação em 2017 caiu de 14% para 6% nas séries iniciais, aumentou para mais de 10% nas séries finais e para 12% no ensino médio. No mesmo período, a taxa de abandono praticamente zerou nos anos iniciais, passou para menos de 4% nos anos finais e menos de 8% no ensino médio. Progressos inegáveis, mas os dados ainda são aterrorizantes. O abandono se refere ao que ocorre a cada ano e, portanto, tem efeitos cumulativos – hoje pouco mais de 70% dos jovens chegam ao ensino médio.

Vejamos o custo disso: em 2017, entre reprovação e abandono, tivemos um total de 2,8 milhões de alunos. A um custo médio de 6.000 reais por aluno (cálculo conservador), isso significa um desperdício de 16,8 bilhões de reais – sem falar no que isso representa de custo-oportunidade, ou seja, o quanto os indivíduos e a sociedade deixam de ganhar com a paralisação dos estudos. Para quem não está familiarizado com números: este valor representa mais de 20% do total dos gastos do país com educação.

O Brasil se acostumou com a ideia de que educação precisa de mais recursos e que as coisas não funcionam bem porque recursos são escassos. Há torcidas organizadas com patrocínio para promover essas ideias em todos os cantos do país.

Os dados da reprovação e abandono indicam para outra direção: antes de falar em aumento de recursos, é preciso estancar as perdas e os desperdícios. Abandono e reprovação representam apenas a ponta do iceberg – há muitos outros vazamentos graves no sistema que, se corrigidos, poderiam viabilizar um uso mais eficiente dos recursos.

Fonte: VEJA