Em apenas três semanas, mais de cem feminicídios ou tentativas do crime são registrados no país

Sessenta e oito casos terminaram em morte; a maioria dos episódios ocorre no fim de semana

24/01/2019 - 11:07 hs
Foto: Divulgação/Internet

Sexta-feira, São Fernando, oeste do Rio Grande do Norte. Danielle Medeiros, de 32 anos, leva de seu companheiro um tiro na cabeça. Após o crime, ele enrola o corpo da mulher em um lençol e a enterra numa cova rasa no quintal da casa onde moravam. No dia seguinte, deixa os filhos, de 5 e 12 anos, na casa da avó e sai para jogar futebol com os amigos. À noite, questionado sobre o sumiço de Danielle, confessa o assassinato.

O crime no interior potiguar é um entre os 107 casos de feminicídio registrados desde o início do ano. São, em média, cinco ocorrências por dia. Sessenta e oito terminaram em morte; as outras 39 foram tentativas. É uma tragédia nacional — há episódios conhecidos em 94 cidades, distribuídas em 21 estados.

O levantamento é assinado por Jefferson Nascimento, doutor em Direito Internacional pela USP, com base no noticiário nacional. É possível, portanto, que o problema seja muito mais comum. Mas a crueldade empregada contra as vítimas está presente em todos os casos.

A violência é tamanha que se tem a impressão de que, para o agressor, a vítima não é um ser humano — afirma Nascimento. — A mulher é vista como um componente social que pode ser descartado por qualquer razão fútil. Aí vemos um homem que afogou a companheira no vaso sanitário, outro que matou a golpes de machado, um terceiro que baleou e foi jogar futebol.

Fonte: G1