“Trabalhar no sol é nosso ganha pão”, Moacir Reblin
De sol a sol Moacir Reblin, seu irmão e um funcionário encaram o calor para realizar trabalhos de jardinagem
São exatamente 11h21. No celular o termômetro marca 32ºC, mas a sensação térmica é sete números maior (nesta semana a sensação térmica chegou aos 56ºC em Timbó). Já dá para sentir que vai ser mais um dia “daqueles” porque logo cedo, às 8h, o calor toma conta – e nesse horário o jardineiro Moacir Reblin, de 27 anos, dá continuidade ao seu trabalho.
Faz dez anos que ele atua com serviços de jardinagem, mas é desde 2016 que optou por tornar essa sua única profissão. De sol a sol, em diferentes cidades, Moacir encontra serviços a serem feitos todos os dias. Geralmente começa a partir das 6h, encarando mais um intenso calor que se aproxima.
Com chapéu, camisa de manga curta, bermuda e sapato fechado, ele nunca se esquece de passar o protetor solar antes de sair de casa. Mas o suor não demora muito a eliminar o fator 50 da sua pele.
“Nesta semana teve um dia que ainda era muito cedo e nós já estávamos quase desmaiando do calor. Lembro que ano passado o verão também nos deixava desgastados, mas nada comparado ao que estamos vivendo agora. Não importa o que a gente passe na pele para se proteger, o sol queima igual”, relata Reblin.
Quando ele menciona “nós” também está se referindo ao seu irmão, Mércio Reblin, e a mais um rapaz que trabalha junto com eles.
A semana mais quente do ano?
Moacir tem uma empresa através da qual negocia seus serviços de paisagismo. Na casa onde estava trabalhando no dia que a entrevista aconteceu, localizada em Indaial, ele comentou que foi questão de minutos para que toda a água que trouxeram naquela manhã acabasse.
“Ganhamos um refrigerante do dono da casa. Qualquer bebida gelada é sempre bem-vinda. Essa semana, de longe, está sendo a mais quente e insuportável do ano. Esses dias fomos obrigados a comprar um energético para aguentar e fazer o trabalho e isso ajudou, porque quando era de tarde nos sentimos menos cansados, mas chega uma hora em que só o que queremos é chegar em casa e ir para o ar condicionado”, confidencia.
O horário de trabalho do trio geralmente inicia às 6h e vai até às 12h. Então tem a pausa para o almoço, retornando por volta das 15h até às 19h. “A gente chega para trabalhar às 13h30, mas não tem a mínima condição. O auge do calor mesmo é por volta das 15h, então tem dias que começamos às 16h e trabalhamos até às 20h”, explica.
Intervalo, sombra e água fresca
Realizando serviços muitas vezes pesados, uma das queixas do jardineiro é com relação às cãibras. Segundo ele, as pernas e os braços sofrem o peso da temperatura.
“Semana passada trabalhamos em uma roçagem, num capoeirão. Tem gente que pensa que por ser ali no meio do mato é menos quente, mas quando deu 15h parecia que o calor vinha do céu, do chão, das plantas. Está complicado de todas as formas, mas trabalhar no sol é nosso ganha pão né? Então a gente dá um jeito de driblar esse calor todo”, desabafa.
E uma das formas que encontram para fazer isso é através dos intervalos. Geralmente os três homens trabalham entre 20 e 30 minutos direto no sol e tiram um tempo parta descansar na sombra. Então eles se reidratam e retomam suas atividades em seguida.
“É assim que estamos fazendo e tem dado certo. A gente toma água direto, mas sua tanto que nunca é de chega. Não vejo a hora desse calor ir embora e dar espaço para uns dias mais frescos, já está na hora né? Gosto do que faço, exerço meu trabalho com dedicação e amor, mas ajuda muito se o sol der uma trégua”, diz.