Morango de verdade é aqui

Família de Santa Maria vive da agricultura familiar e pretende expandir seu plantio

Por Aline Brehmer 08/02/2019 - 16:08 hs
Foto: Marcelo Dias/Jornal Café Impresso

Enquanto subimos a pé o morro que nos leva à estufa, Solange Barbosa vai nos explicando como surgiu a ideia de iniciar seu próprio empreendimento: Morangos Barbosa e Doces da Sol. Em uma área de verde infinito localizada em Santa Maria, Benedito Novo, ar fresco e puro nos acompanham durante todo o trajeto. Conforme chegamos à área plana, o aroma doce e inconfundível de morangos vai tomando conta. Após alguns minutos estamos ali, em um dos cantinhos que a doceira e seu esposo, Alcemar Roeder, cultivam com tanto amor e carinho.

Aos 46 anos a Sol, como é conhecida por todos, revela que começou a produzir essas e outras frutas, além de milho, aipim e demais raízes, tubérculos e legumes. Mas a variedade acaba se tornando até mesmo um “detalhe” no meio disso tudo, afinal, o que realmente define o orgulho da família é a forma como cultivam cada alimento.

“Tudo é feito de forma 100% natural, sem nenhum agrotóxico ou conservante. Os morangos, por exemplo, a gente colhe e vende no mesmo dia, fresquinhos, saborosos e doces. Quem está acostumado a comprar produtos com agrotóxico até mesmo se surpreende quando sente o verdadeiro sabor da fruta, sem falar desse cheirinho doce que já encanta”, diz.

E quem comprova e aprova o que Sol diz é a diretora de Turismo e Cultura da cidade, Cíntia Panini, que nos acompanhou durante toda a visita. “O local por si só é incrível, mas esses morangos não têm nem como explicar. É um sabor completamente diferente, você realmente sente o gosto de fruta e pode até comer direto do pé, de tão saudável que esse cultivo é”, avalia.

750 bandejas de morango em um mês

Em poucos minutos ali, andando em meio ao plantio de morangos, Sol e o marido colhem uma bandeja com nada menos do que 500g que, em média, é vendida a R$ 5,00. A grande maioria da produção, explica Roeder, de 41 anos, é vendida em bandejas já que quase 90% da produção é entregue por encomenda. Mas, e o que sobra? Nas mãos de Sol, se transformam em outros doces.

“Faço geleias, bolos. Mas nada com essência, é tudo com a fruta mesmo, o mais natural possível. Aqui a gente faz questão de fazer com que a saúde seja o principal de tudo, garantindo um alimento de qualidade que qualquer pessoa e, principalmente as crianças, possam comer à vontade”, garante Sol.

A maioria dos doces propriamente ditos são vendidos na Feirinha que acontece no Centro de Benedito Novo duas vezes por mês, geralmente nas sextas-feiras.

Em média, do plantio até a colheita, o morango demora 50 dias para ficar no ponto. Roeder comenta que no ano passado chegaram a colher em um único mês cerca de 750 bandejas com meio quilo de morango em casa, já que os meses de novembro e dezembro são propícios para a produção da fruta. Hoje, essa média abaixou para 100 a 150 bandejas semanais – o que que não deixa de ser uma quantia significativa.

“A gente poderia colher mais e aumentar nosso lucro, mas sai completamente da nossa proposta. Usando agrotóxico teríamos até 50% a mais de colheita no fim da semana, mas preferimos eliminar o veneno dos nossos alimentos”, reforça.

Projetos em ampliação

Para atender à demanda e encomendas, o casal pretende aumentar o número de plantio, construindo outra estufa com mais 5 mil pés, somando 13 mil. “Hoje a gente só consegue atender a demanda de encomendas particulares, mas queremos ampliar o fornecimento quem sabe para supermercados, padarias. As pessoas estão cada vez mais em busca de alimentos saudáveis e nutritivos, então podemos fazer nossa parte de forma ainda mais eficiente”, reflete Roeder.

Hoje a família se mantém através do que cultivam, produzem e vendem. Segundo Sol, cerca de 90% dos itens levados na Feirinha são sempre vendidos.

“Conseguimos viver bem e, claro, as pessoas podem pensar que é fácil manter tudo isso, mas não é. A gente se dedica demais, colocar amor em tudo o que faz. Meu filho Rhuan, de seis anos, e meu sobrinho Léo Felipe, de 16, nos ajudam bastante a colher, adubar, rastelar, limpar e isso”, comenta. Ela ainda menciona que a mãe de seu marido, dona Renite Roeder, de 73 anos, mora junto com a família. O casal ainda tem outra filha, a Luana, que tem 27 anos, mas que hoje é casada e já não mora mais junto com os pais.

E ao final da entrevista Sol se despede já pronta para iniciar os preparativos dos doces que irá vender na Feirinha do Centro durante a tarde de hoje, afinal, para ela é importante que os produtos vendidos sejam sempre os mais frescos possíveis. Para realizar encomendas com a família o telefone é o (47) 3385-1646.