Vidas transformadas

O frentista Nivaldo Campestrini conta como Preta, sua mais nova companheira de trabalho, transformou seu dia-a-dia

Por Aline Christina Brehmer 10/05/2019 - 11:15 hs
Foto: Aline Christina Brehmer/Jornal Café Impresso
Vidas transformadas
Como não pode adotar Preta, por já ter quatro cachorros em casa, Campestrini procura alguém

Faz mais ou menos três semanas que o frentista Nivaldo Campestrini ganhou uma companhia especial no trabalho: a Preta. Na verdade, ele conta que foi a cachorrinha quem escolheu o posto como sua nova casa.

“Um homem que morava aqui perto tinha ela e mais uma cachorra. Um dia as duas vieram até aqui, então o chamei e ele as levou de volta para casa, mas a Preta voltou pra cá de novo, e de novo, até que ele desistiu e deixou ela aqui comigo”, relembra o riocedrense.

Uma nova rotina

Pêta, como a mascote é chamada, ainda é filhote. Tem aproximadamente dois anos e porte médio. Os olhos claros e cor de mel revelam muita desconfiança e medo.

“Quando ela chegou, veio já meio retraída. Aos poucos fui conquistando sua confiança e agora ela não desgruda de mim”, comenta Campestrini, entre risos.

E a prova real dessa declaração vemos logo a seguir.

Um cliente chega e para ao lado da bomba de gasolina para abastecer seu veículo. Campestrini se dirige até o motorista e, antes que ele chegue, Preta já faz a recepção, ficando sempre próxima de seu atual tutor. “Ela é uma espécie de guarda-costas”, compara o frentista.

Quando não está acompanhando os passos de Campestrini, Preta vai à caça: seja às moscas, aos pássaros ou a qualquer coisa que passe voando por ela.

“É outra coisa ter a Pêta aqui. Me pego rindo sozinho às vezes por causa das suas aventuras. Se tornou uma companhia muito amada e querida. Uma cachorrinha que transformou meus dias para melhor e, sinceramente, acredito que eu tenha feito o mesmo por ela”, reflete.

Em busca de um lar

A primeira atitude de Campestrini, ao perceber que Pêta iria fica ali com ele, foi providenciar a castração. “Se já é difícil muitas vezes cuidar de uma só cachorra, imagina quatro ou cinco. Foi pensando nisso, e também no sofrimento que ela teria ao ser separada de uma possível cria, que optei por castrá-la. Eu e o Elisário, que é o outro frentista que trabalha aqui, juntamos dinheiro e pagamos pela cirurgia”, explica.

Desde então, todos os dias quando chega para trabalhar, Campestrini dá ração e medicação para Preta. Ao meio-dia, sempre divide sua marmita com ela.

Apesar de já ter se apegado à cachorrinha, ele comenta não pode levar ela para casa (onde já abriga quatro cachorros adotados) e revela que torce para que uma pessoa de bom coração a adote e lhe dê um lar.

“Até fiz uma casinha improvisada, mas ela gosta mesmo é de ficar ou aqui perto do caixa, ou perto de mim quando vou fazer os atendimentos. Ela é muito querida e dócil. Só aceito que seja adotada se tiver certeza que for por uma boa pessoa”, diz.

Campestrini desabafa que, infelizmente, nem todos tratam Preta bem. “Há quem chegue e faça carinho, seja legal com ela. Mas há quem ameace acelerar o carro só para assustá-la, então estou sempre de olho. Como aqui é tudo aberto, não é um local seguro para ela também”.

Atitude que motiva

Para as protetoras da causa animal, Sádia Cattoni e Rose, a iniciativa de Campestrini e Elisário representa uma verdadeira revolução. “É só olhar para eles e ver a alegria da Preta em estar aqui para entender o quanto essa atitude significa. Para nós, que lidamos com casos de maus tratos aos animais diariamente, nas mais diversas e horríveis situações, uma história assim aquece nossos corações e nos motiva, por saber que ainda há pessoas boas que olham pelo bem desses animais que foram abandonados e, em muitos casos, judiados. Não tem como não se emocionar com essa história”, refletem.

O telefone para quem tem interesse em adotar Preta e lhe dar um lar com muito carinho e amor é o (47) 3306-0908.