Um assunto polêmico tomou conta de Indaial nesta semana. A discussão apontava prós e contras do Projeto de Lei Nº 54/2019, de autoria do vereador Flávio Molinari, que sugere a proibição do manuseio, utilização, queima e soltura de fogos de artifício com efeito sonoro ruidoso na cidade.

A redação do Café Impresso conversou com o presidente da Casa Legislativa, que esclareceu algumas dúvidas referentes à proposta e também comentou o fato de o projeto não ter sido aprovado após votação no início desta semana.

Segundo Molinari, o projeto propõe a proibição de fogos de artifício com estampido, sendo assim, os fogos de efeitos visuais (coloridos) ainda seriam permitidos, visto que emitem um ruído menor.

“Percebi que essa ideia vinha sendo implantada em diversos locais do Brasil. Aqui em Indaial a comunidade também foi muito participativa e reivindicou que déssemos esse passo, e foi o que fizemos”, explica.

O parlamentar destaca que a coibição dessa prática visa garantir o bem-estar das crianças autistas, dos idosos e animais, além de reduzir o número de mutilações decorrentes de acidentes envolvendo esses foguetes, já que, nas palavras dele, “os fogos de estampido produzem maior poder de explosão do que os visuais”.

Projeto será reapresentado para votação

Molinari faz questão de frisar que, apesar de o projeto não ter sido aprovado, ele será modificado e reapresentado. “Respeito a democracia, afinal, cada parlamentar tem seu ponto de vista. Apresentei argumentos que justificam o porque abracei essa causa. Produzi com minha equipe um vídeo com todos os fundamentos para este projeto e, devo reforçar que a participação da comunidade foi muito grande. Infelizmente, a maioria dos vereadores votaram contra, mas ainda assim a proposta trouxe à tona debates importantes”, analisa.

O vídeo que Molinari menciona foi com base em depoimentos e bate-papos que teve junto de bombeiros, médicos veterinários, neuropsicológicos, fonoaudiólogos, coordenadores do grupo da Terceira Idade, diretoras de Unidades de Educação Infantil, mães de crianças autistas e, também, com as próprias crianças que possuem TEA.

“Com toda a pesquisa que fiz e tudo o que descobri, me comovi e fiquei impressionado com o quão prejudicial esses fogos com estampido são. Por isso afirmo que irei fazer algumas modificações e, sem dúvida, reapresentar esse projeto para votação na Câmara”, reforça.

“Devemos ter mais empatia e evoluir como pessoa”, diz Molinari

Durante a conversa, Molinari volta um pouco no tempo e relembra de uma entrevista que aconteceu em 1995 no programa “Roda Viva”. Na época, o entrevistado foi o então prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, que falou a respeito do seu decreto que proibia que pessoas fumassem em bares e restaurantes.

“Naquela ocasião, Maluf disse que “não é porque você gosta de praticar algo danoso que tem o direito de prejudicar o próximo com esses atos”. Este caso vem de encontro a esse projeto que criei. Acredito que seja apenas uma questão de tempo para essa proibição se tornar uma realidade a nível nacional”, relata o vereador.

Para ele, é preciso ter mais respeito ao próximo e trabalhar em favor da inclusão social. “Devemos exercer a empatia. Não é porquê algo não lhe afeta que você não deve lutar para mudar aquilo. Precisamos evoluir como pessoas”, desabafa.

Molinari deixa seu agradecimento a todos que participaram e ajudaram na elaboração dessa proposta, assim como às mensagens de apoio que recebeu. Para finalizar a entrevista, o parlamentar deixa um questionamento e reflexão aos leitores.

“Até agora não encontrei um só motivo cabível, nem mesmo na discussão do projeto, que traga algum argumento favorável ao foguete com estampido. Então questiono aqui para quem está lendo: de que forma esse tipo de fogo de artifício beneficia a comunidade em geral?”.

Confira o projeto na íntegra

Para ler o Projeto de Lei e ter acesso aos detalhes do documento, você pode acessar o site www.camaraindaial.sc.gov.br, clicar no ícone “Legislação”, em seguida clicar em “Projetos de Lei” e fazer sua pesquisa.