“Quando peguei meu filho, achei que ele estava morto” – Andressa Carioca

Há cinco dias o pequeno Pedro ficou entre a vida e a morte após cair em uma lagoa

Por Aline Brehmer 22/11/2019 - 14:42 hs
Foto: Marcelo Dias

Deitado no tapete, bem no meio da sala, o pequeno Pedro, que tem apenas um ano e sete meses, está assistindo televisão e rindo junto com os Minions. Com seu “cheirinho” e o bico, rola de um lado para o outro, sempre atento ao que está acontecendo. Sentada em um sofá ao lado dele está a mãe, Andressa Carioca, de 28 anos. O olhar dela para o filho é, acima de tudo, com gratidão e cuidado.

Faz menos de uma semana que o Pedrinho esteve entre a vida e a morte – mas uma corrente de força, união e Fé foi seu milagre e salvação. Quem nos conta essa história do início é o pai, Ivan Dallabrida, que está sentado ao lado da esposa e de olho no filho.


Momentos de terror

Ele explica que tudo aconteceu na manhã do último domingo, dia 17, por volta das 9h30. A família estava toda em casa, em Rio dos Cedros. Ivan havia ido até na parte mais alta do terreno, onde eles têm uma lagoa (que havia sido aberta no sábado, um dia antes). Após pegar o peixe, que seria servido no almoço, voltou lá para catar alguns limões.

Quando desceu, deixou o portão encostado, porque só ia cortar os limões e jogar as sobras do peixe de volta à lagoa, e entrou em casa. Nesse momento Pedrinho e o irmão estavam brincando na sala, então ele foi até na pia cortar as frutas. Não se passaram nem dois minutos quando Andressa chegou na sala e viu apenas o filho mais velho, Felipe – e foi assim que a procura por Pedro começou.

“Falei para ela olhar na frente da casa, porque fazia um minuto que eu tinha visto ele ali, mas ele não estava e dentro de casa também não. Nesse momento larguei tudo e começamos a procura-lo. Eu fui até na casa de brinquedos olhar e a Andressa foi em direção à lagoa”, relata Ivan.

Segundos que pareciam uma eternidade

Quando a mãe das crianças chegou lá, se deparou com uma cena que está registrada até agora em sua memória: seu bebê estava boiando na lagoa (graças à fralda que estava usando), de bruços. O desespero tomou conta, mas não foi maior que a agilidade de Andressa em pega-lo nos braços e chamar pelo marido.

Assim que Ivan chegou, eles iniciaram procedimentos de primeiros socorros. “Curiosamente, e felizmente também, fazia uma semana que eu havia pesquisado sobre o que fazer em casos de afogamento. Aquilo, acredito, tenha sido em parte o que ajudou a salvar a vida de nosso filho”, diz.

O que aconteceu dali em diante, para Andressa, não está totalmente nítido – principalmente devido à adrenalina e o medo. Ivan, igualmente assustado, se lembra de mais detalhes, como a primeira vez em que o filho vomitou, ainda no colo de Andressa.

Em seguida a família toda entrou no carro para ir em direção ao Hospital Dom Bosco. Na primeira lombada em que passaram, Pedro novamente vomitou, enquanto Andressa continuava a fazer massagens para que o filho reagisse.


Bombeiros e heróis

Logo ali na frente estava o Corpo de Bombeiros Militar (CBM) da cidade. Andressa saiu do carro com o filho nos braços e o entregou a um dos bombeiros. “A única coisa que eu pedi era que, pelo amor de Deus, ajudassem meu filho”, relembra a mãe.

Eles então colocaram a criança no veículo do Samu e seguiram em direção ao hospital. Chegando lá, Pedrinho foi imediatamente atendido e os pais aguardaram do lado de fora, até que ouviram um som que trouxe alívio: seu filho estava chorando.

Dali em diante, Pedro seguiu apresentado sinais de melhora. No domingo ele ainda estava com água no pulmão e precisou receber oxigenação. Após melhorar um pouco, foi transferido e internado no Hospital e Maternidade Oase, em Timbó.

Logo pela segunda o menino já estava bem, sem precisar de oxigenação e com os pulmões limpos. “Ficou um pequeno edema que, segundo os médicos, em três meses deve desaparecer, é o tempo que deve levar até ele se recuperar por completo. No momento ele fica cansado rápido se brinca ou corre muito, mas ele está super bem, graças a Deus”, comenta Andressa.

Mas é com muita nitidez que ela lembra de Felipe fazendo uma pergunta difícil de ouvir. “Mãe, o mano morreu?”. “Minha resposta imediata foi que não, afinal ele estava assustado e sem entender tudo o que estava acontecendo”, explica.


O choque térmico que salvou uma vida

Hoje, cinco dias após o incidente, ela admite que chegou a pensar no pior. “Quando peguei meu filho, achei que ele estava morto. Vou ser sincera porque meu desespero foi terrível. Mas ele começou a ter reações, o choque térmico foi o que salvou ele”, desabafa.

O choque térmico ao qual Andressa se refere é porque, como a água na lagoa é de cachoeira, é bem gelada. No momento em que Pedro subiu até lá e caiu, estava com o corpo quente por ter brincando segundos antes.

“Segundo a médica nos explicou, isso causou um choque térmico nele e, provavelmente, foi o que salvou sua vida. Claro que chegamos rápido e prestamos os socorros imediatamente. Em nenhum momento quis acreditar que o pior pudesse ter acontecido e, graças a Deus, foi um susto enorme, mas não passou disso”, compartilha Ivan.

Entretanto, ele destaca que medidas extras de segurança foram tomadas. “A gente de vez em quando passeia com os meninos ali, porque tem uma área verde e é lindo. Sempre falamos que precisa ter cuidado, sempre ensinamos e eles só podem estar ali quando nós estamos também. Infelizmente, naquele dia, aconteceu isso – mas não irá se repetir, foi um alerta que jamais seria ignorado”, dizem os pais.

Os anjos da vida de Pedro

Retomando aos poucos sua rotina normal, a família agora respira mais aliviada – só que o susto deixou suas marcas. “Não sei explicar, só quem viver por isso sabe. Você se pega olhando eles dormirem, só para ter certeza que está tudo bem, acompanhando cada movimento. Os dois são bem espertos e ligeiros, principalmente. Digo que não existe mensagem no celular ou chamada urgente o suficiente para tirar sua atenção dos seus filhos, porque é em segundos que tragédias podem acontecer”, reflete Andressa.

Ivan e a esposa deixam agradecimentos especiais a todos que se tornaram os anjos do caçula. “Os bombeiros foram incríveis, ágeis e foram os que salvaram a vida do nosso filho, somos eternamente gratos. O pessoal do hospital, principalmente do Oase, onde ele ficou internado dois dias, não temos palavras pra agradecer o atendimento e a atenção que deram para ele e para todos nós. Às pessoas que oraram por ele junto conosco. Deus ouviu cada voz e realmente queremos agradecer muito”, agradecem.

Agora, a família se prepara para deixar esse acontecimento para trás e viver um novo momento: a formatura de Felipe na creche. “Vai ser no sábado e estamos ansiosos. Sem dúvida será um dia muito alegre, que irá nos ajudar a superar tudo o que vivemos nos últimos dias”, refletem.