“Quando peguei meu filho, achei que ele estava morto” – Andressa Carioca
Há cinco dias o pequeno Pedro ficou entre a vida e a morte após cair em uma lagoa
Deitado no tapete, bem no meio da sala, o pequeno Pedro, que
tem apenas um ano e sete meses, está assistindo televisão e rindo junto com os
Minions. Com seu “cheirinho” e o bico, rola de um lado para o outro, sempre
atento ao que está acontecendo. Sentada em um sofá ao lado dele está a mãe,
Andressa Carioca, de 28 anos. O olhar dela para o filho é, acima de tudo, com
gratidão e cuidado.
Faz menos de uma semana que o Pedrinho esteve entre a vida e a morte – mas uma corrente de força, união e Fé foi seu milagre e salvação. Quem nos conta essa história do início é o pai, Ivan Dallabrida, que está sentado ao lado da esposa e de olho no filho.
Momentos de terror
Ele explica que tudo aconteceu na manhã do último domingo,
dia 17, por volta das 9h30. A família estava toda em casa, em Rio dos Cedros.
Ivan havia ido até na parte mais alta do terreno, onde eles têm uma lagoa (que
havia sido aberta no sábado, um dia antes). Após pegar o peixe, que seria
servido no almoço, voltou lá para catar alguns limões.
Quando desceu, deixou o portão encostado, porque só ia
cortar os limões e jogar as sobras do peixe de volta à lagoa, e entrou em casa.
Nesse momento Pedrinho e o irmão estavam brincando na sala, então ele foi até
na pia cortar as frutas. Não se passaram nem dois minutos quando Andressa
chegou na sala e viu apenas o filho mais velho, Felipe – e foi assim que a
procura por Pedro começou.
“Falei para ela olhar na frente da casa, porque fazia um minuto que eu tinha visto ele ali, mas ele não estava e dentro de casa também não. Nesse momento larguei tudo e começamos a procura-lo. Eu fui até na casa de brinquedos olhar e a Andressa foi em direção à lagoa”, relata Ivan.
Segundos que pareciam uma eternidade
Quando a mãe das crianças chegou lá, se deparou com uma cena
que está registrada até agora em sua memória: seu bebê estava boiando na lagoa
(graças à fralda que estava usando), de bruços. O desespero tomou conta, mas
não foi maior que a agilidade de Andressa em pega-lo nos braços e chamar pelo marido.
Assim que Ivan chegou, eles iniciaram procedimentos de
primeiros socorros. “Curiosamente, e felizmente também, fazia uma semana que eu
havia pesquisado sobre o que fazer em casos de afogamento. Aquilo, acredito,
tenha sido em parte o que ajudou a salvar a vida de nosso filho”, diz.
O que aconteceu dali em diante, para Andressa, não está
totalmente nítido – principalmente devido à adrenalina e o medo. Ivan,
igualmente assustado, se lembra de mais detalhes, como a primeira vez em que o
filho vomitou, ainda no colo de Andressa.
Em seguida a família toda entrou no carro para ir em direção ao Hospital Dom Bosco. Na primeira lombada em que passaram, Pedro novamente vomitou, enquanto Andressa continuava a fazer massagens para que o filho reagisse.
Bombeiros e heróis
Logo ali na frente estava o Corpo de Bombeiros Militar (CBM)
da cidade. Andressa saiu do carro com o filho nos braços e o entregou a um dos
bombeiros. “A única coisa que eu pedi era que, pelo amor de Deus, ajudassem meu
filho”, relembra a mãe.
Eles então colocaram a criança no veículo do Samu e seguiram
em direção ao hospital. Chegando lá, Pedrinho foi imediatamente atendido e os
pais aguardaram do lado de fora, até que ouviram um som que trouxe alívio: seu
filho estava chorando.
Dali em diante, Pedro seguiu apresentado sinais de melhora.
No domingo ele ainda estava com água no pulmão e precisou receber oxigenação.
Após melhorar um pouco, foi transferido e internado no Hospital e Maternidade
Oase, em Timbó.
Logo pela segunda o menino já estava bem, sem precisar de
oxigenação e com os pulmões limpos. “Ficou um pequeno edema que, segundo os
médicos, em três meses deve desaparecer, é o tempo que deve levar até ele se
recuperar por completo. No momento ele fica cansado rápido se brinca ou corre
muito, mas ele está super bem, graças a Deus”, comenta Andressa.
Mas é com muita nitidez que ela lembra de Felipe fazendo uma pergunta difícil de ouvir. “Mãe, o mano morreu?”. “Minha resposta imediata foi que não, afinal ele estava assustado e sem entender tudo o que estava acontecendo”, explica.
O choque térmico que salvou uma vida
Hoje, cinco dias após o incidente, ela admite que chegou a
pensar no pior. “Quando peguei meu filho, achei que ele estava morto. Vou ser
sincera porque meu desespero foi terrível. Mas ele começou a ter reações, o
choque térmico foi o que salvou ele”, desabafa.
O choque térmico ao qual Andressa se refere é porque, como a
água na lagoa é de cachoeira, é bem gelada. No momento em que Pedro subiu até
lá e caiu, estava com o corpo quente por ter brincando segundos antes.
“Segundo a médica nos explicou, isso causou um choque
térmico nele e, provavelmente, foi o que salvou sua vida. Claro que chegamos
rápido e prestamos os socorros imediatamente. Em nenhum momento quis acreditar
que o pior pudesse ter acontecido e, graças a Deus, foi um susto enorme, mas
não passou disso”, compartilha Ivan.
Entretanto, ele destaca que medidas extras de segurança foram tomadas. “A gente de vez em quando passeia com os meninos ali, porque tem uma área verde e é lindo. Sempre falamos que precisa ter cuidado, sempre ensinamos e eles só podem estar ali quando nós estamos também. Infelizmente, naquele dia, aconteceu isso – mas não irá se repetir, foi um alerta que jamais seria ignorado”, dizem os pais.
Os anjos da vida de Pedro
Retomando aos poucos sua rotina normal, a família agora
respira mais aliviada – só que o susto deixou suas marcas. “Não sei explicar,
só quem viver por isso sabe. Você se pega olhando eles dormirem, só para ter
certeza que está tudo bem, acompanhando cada movimento. Os dois são bem
espertos e ligeiros, principalmente. Digo que não existe mensagem no celular ou
chamada urgente o suficiente para tirar sua atenção dos seus filhos, porque é
em segundos que tragédias podem acontecer”, reflete Andressa.
Ivan e a esposa deixam agradecimentos especiais a todos que
se tornaram os anjos do caçula. “Os bombeiros foram incríveis, ágeis e foram os
que salvaram a vida do nosso filho, somos eternamente gratos. O pessoal do
hospital, principalmente do Oase, onde ele ficou internado dois dias, não temos
palavras pra agradecer o atendimento e a atenção que deram para ele e para
todos nós. Às pessoas que oraram por ele junto conosco. Deus ouviu cada voz e
realmente queremos agradecer muito”, agradecem.
Agora, a família se prepara para deixar esse acontecimento para trás e viver um novo momento: a formatura de Felipe na creche. “Vai ser no sábado e estamos ansiosos. Sem dúvida será um dia muito alegre, que irá nos ajudar a superar tudo o que vivemos nos últimos dias”, refletem.
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