Catarinenses criam ações solidárias durante momento de preocupação
Em meio ao isolamento e à situação de cautela e atenção que
o momento exige por causa dos riscos de proliferação do coronavírus em Santa
Catarina, ações positivas, de união, têm surgido. Muitos catarinenses estão
pensando no coletivo e fazendo ações para ajudar outras pessoas, o que cria uma
corrente de solidariedade no estado durante o momento difícil.
Morador de Florianópolis, Rodrigo Melim Ferreira estava em
uma tarde da última semana orientando por telefone a madrinha de 88 anos sobre
os cuidados com o coronavírus, já que a idosa mora sozinha e não acompanha os
veículos de comunicação. Após a ligação de 40 minutos, Rodrigo ficou pensando
na dificuldade que os idosos têm para comprar alimentos e remédios, pois fazem
parte do grupo de risco da doença.
Como parou de trabalhar temporariamente na quarta-feira, 18, após
o decreto de situação de emergência em Santa Catarina, ele e a esposa decidiram
ajudar os moradores do condomínio. Eles colaram uma carta no elevador do prédio
onde moram, no Centro, colocando-se à disposição para fazer compras aos idosos.
“Nosso prédio tem praticamente 80% dos moradores acima dos
60 anos de idade e sempre vemos alguns tendo dificuldades na rotina diária.
Postei a carta também nas mídias sociais para estimular os mais jovens a ajudar
os idosos. Minha rotina é muito corrida, mas sempre que posso ajudo quem
precisa“, comenta Rodrigo Melim Ferreira, de 27 anos.
O casal também pediu aos funcionários do condomínio para
avisarem os idosos que moram sozinhos no prédio sobre a iniciativa.
Arrecadação de 500 cestas básicas
Para Jaqueline de Souza Ribeiro, o momento de cautela com o coronavírus é também uma possibilidade de união para ajudar a comunidade. Moradora do Monte Cristo, na região continental de Florianópolis, ela teve apoio de uma amiga para arrecadar cestas básicas e um amigo com carro para distribuir os alimentos pela comunidade.
A arrecadação começou na terça-feira, 17, quando o trio
conseguiu alimentos para atender 30 famílias na comunidade. O número aumentou
na quarta, 18, quando as doações se estenderam a mais 70 famílias da
comunidade. Nesta segunda, 23, já eram 500 cestas básicas. As doações são
feitas por membros da comunidade, entidades e também por depósitos.
“Estamos montando as cestas e entregando direto para as
famílias. Também tomamos o máximo de cuidado com os produtos para que a entrega
seja feita de forma adequada.”, conta Jaqueline de Souza Ribeiro, de 31 anos.
Incentivo ao estudo durante a suspensão das aulas
Com a suspensão das aulas da rede pública e privada de
ensino durante 30 dias para evitar a proliferação dos vírus nas escolas, a EEB
São José, em São Joaquim, criou uma iniciativa para que os alunos possam usar
esse período para seguir aprendendo. A diretora Singra Couto Strickert e os
professores da unidade criaram um cronograma com duas a três aulas por dia para
os alunos do ensino médio, anos finais do fundamental e magistério.
Foram criados grupos na internet para os alunos de cada uma
das 26 turmas da EEB São José, incluindo também a diretora e um professor que
atua como coordenador. O professor envia a aula diariamente para o coordenador
incluindo um texto base, uma vídeoaula e cinco perguntas para serem respondidas
no caderno. Para atender às dúvidas, o coordenador resolve ou pede apoio ao
professor e posta as respostas no grupo.
“A ideia é minimizar o prejuízo pedagógico e criar rotinas
de estudo, além de estreitar o laço com as famílias pois os pais também estão
nos grupos. E fazer valer o lema da nossa escola de que juntos somos mais
fortes”, destaca Singra Couto Strickert, que também distribuiu aos alunos um
documento com cinco dicas para estudo em casa.
Pagamento aos fornecedores para ajudar a economia
catarinense
Para evitar a propagação do coronavírus, algumas empresas
tiveram que adiar atendimento ou paralisar o serviço temporariamente. Apesar
disso, há empresas que decidiram manter o pagamento regular aos fornecedores,
mesmo nos casos em que as atividades estão paralisadas e os serviços serão
prestados após o fim da pandemia, movimentado a economia catarinense durante um
período crítico.
“Nós acreditamos que a empresa tem um compromisso social com
a nossa comunidade, por isso mantivemos os pagamento dos nossos fornecedores
mesmo com as atividades paralisadas. Não conseguimos avaliar ainda os impactos
econômicos, mas sabemos que vai atingir principalmente autônomos e pequenos
negócios”, destaca André Krummenauer, CEO da empresa do setor de tecnologia e
inovação.