Catarinenses criam ações solidárias durante momento de preocupação

23/03/2020 - 14:57 hs

Catarinenses criam ações solidárias durante momento de preocupação
Jaqueline (meio) mobilizou a comunidade e arrecadou 500 cestas básicas

Em meio ao isolamento e à situação de cautela e atenção que o momento exige por causa dos riscos de proliferação do coronavírus em Santa Catarina, ações positivas, de união, têm surgido. Muitos catarinenses estão pensando no coletivo e fazendo ações para ajudar outras pessoas, o que cria uma corrente de solidariedade no estado durante o momento difícil.

Morador de Florianópolis, Rodrigo Melim Ferreira estava em uma tarde da última semana orientando por telefone a madrinha de 88 anos sobre os cuidados com o coronavírus, já que a idosa mora sozinha e não acompanha os veículos de comunicação. Após a ligação de 40 minutos, Rodrigo ficou pensando na dificuldade que os idosos têm para comprar alimentos e remédios, pois fazem parte do grupo de risco da doença.

Como parou de trabalhar temporariamente na quarta-feira, 18, após o decreto de situação de emergência em Santa Catarina, ele e a esposa decidiram ajudar os moradores do condomínio. Eles colaram uma carta no elevador do prédio onde moram, no Centro, colocando-se à disposição para fazer compras aos idosos.

“Nosso prédio tem praticamente 80% dos moradores acima dos 60 anos de idade e sempre vemos alguns tendo dificuldades na rotina diária. Postei a carta também nas mídias sociais para estimular os mais jovens a ajudar os idosos. Minha rotina é muito corrida, mas sempre que posso ajudo quem precisa“, comenta Rodrigo Melim Ferreira, de 27 anos.

O casal também pediu aos funcionários do condomínio para avisarem os idosos que moram sozinhos no prédio sobre a iniciativa.

Arrecadação de 500 cestas básicas

Para Jaqueline de Souza Ribeiro, o momento de cautela com o coronavírus é também uma possibilidade de união para ajudar a comunidade. Moradora do Monte Cristo, na região continental de Florianópolis, ela teve apoio de uma amiga para arrecadar cestas básicas e um amigo com carro para distribuir os alimentos pela comunidade.


A arrecadação começou na terça-feira, 17, quando o trio conseguiu alimentos para atender 30 famílias na comunidade. O número aumentou na quarta, 18, quando as doações se estenderam a mais 70 famílias da comunidade. Nesta segunda, 23, já eram 500 cestas básicas. As doações são feitas por membros da comunidade, entidades e também por depósitos.

“Estamos montando as cestas e entregando direto para as famílias. Também tomamos o máximo de cuidado com os produtos para que a entrega seja feita de forma adequada.”, conta Jaqueline de Souza Ribeiro, de 31 anos.

Incentivo ao estudo durante a suspensão das aulas

Com a suspensão das aulas da rede pública e privada de ensino durante 30 dias para evitar a proliferação dos vírus nas escolas, a EEB São José, em São Joaquim, criou uma iniciativa para que os alunos possam usar esse período para seguir aprendendo. A diretora Singra Couto Strickert e os professores da unidade criaram um cronograma com duas a três aulas por dia para os alunos do ensino médio, anos finais do fundamental e magistério.

Foram criados grupos na internet para os alunos de cada uma das 26 turmas da EEB São José, incluindo também a diretora e um professor que atua como coordenador. O professor envia a aula diariamente para o coordenador incluindo um texto base, uma vídeoaula e cinco perguntas para serem respondidas no caderno. Para atender às dúvidas, o coordenador resolve ou pede apoio ao professor e posta as respostas no grupo.

“A ideia é minimizar o prejuízo pedagógico e criar rotinas de estudo, além de estreitar o laço com as famílias pois os pais também estão nos grupos. E fazer valer o lema da nossa escola de que juntos somos mais fortes”, destaca Singra Couto Strickert, que também distribuiu aos alunos um documento com cinco dicas para estudo em casa.

Pagamento aos fornecedores para ajudar a economia catarinense

Para evitar a propagação do coronavírus, algumas empresas tiveram que adiar atendimento ou paralisar o serviço temporariamente. Apesar disso, há empresas que decidiram manter o pagamento regular aos fornecedores, mesmo nos casos em que as atividades estão paralisadas e os serviços serão prestados após o fim da pandemia, movimentado a economia catarinense durante um período crítico.

“Nós acreditamos que a empresa tem um compromisso social com a nossa comunidade, por isso mantivemos os pagamento dos nossos fornecedores mesmo com as atividades paralisadas. Não conseguimos avaliar ainda os impactos econômicos, mas sabemos que vai atingir principalmente autônomos e pequenos negócios”, destaca André Krummenauer, CEO da empresa do setor de tecnologia e inovação.