Família distribui marmitas a caminhoneiros que passam pela BR-470, em Indaial
Com restaurantes fechados, voluntários oferecem almoço gratuito aos trabalhadores
Pessoas com máscaras estendem os braços às margens da
BR-470, em Indaial, e fazem sinal para que os caminhoneiros parem. Não é um
pedido de carona. A marmita que seguram nas mãos indicam o gesto de
solidariedade: desde esta terça-feira (24) uma família proprietária de um
restaurante na cidade distribui gratuitamente almoço aos motoristas que passam
pela rodovia em meio à crise do novo coronavírus.
— As pessoas estão em casa em quarentena de barriga cheia,
enquanto eles estão nessa BR correndo o risco de serem contaminados e de
barriga vazia! — diz Angelina Anacleto.
Foi dela a ideia de cozinhar para os profissionais que
percorrem as estradas cotidianamente. Mesmo com as medidas restritivas do
Estado para combater o novo coronavírus os caminhoneiros não pararam, por
prestarem um serviço essencial. Eles continuam a levar produtos e alimentos aos
municípios, mas agora com um problema a mais a ser enfrentado. Além do perigo
de contaminação, encontram restaurantes fechados devido ao decreto estadual.
Após assistir um vídeo na internet de um condutor lamentando
não ter como se alimentar, Angelina decidiu aproveitar a estrutura do próprio
estabelecimento, que está fechado desde a semana passada, para fazer a boa
ação. Junto com a filha Bruna Mireli, o marido, uma funcionária e um pastor amigo
da família, fica em frente ao posto de combustíveis Zandoná a partir das 11h30.
O grupo se divide nos dois lados da pista. A entrega tem que
ser rápida, para não atrapalhar o trânsito. No primeiro dia alguns desconfiaram
da atitude generosa, mas aos poucos a notícia foi se espalhando entre os
profissionais.
Há caminhoneiros que param no posto para receber o alimento.
Outros diminuem a velocidade e rapidamente pegam a marmita e os talheres
descartáveis. Conforme Bruna, são doados 60 almoços por dia. A ação deve
continuar até sexta-feira (27), já que tudo está sendo pago pelos próprios
voluntários.
— Nós estamos impedidos de trabalhar, mas não estamos
impedidos de ajudar o próximo — declarou Angelina.
A família pede doações para continuar com a boa ação pelas
próximas semanas. Alimentos, dinheiro e até garrafas pets pequenas são
bem-vindas (eles gostariam de acrescentar um suco ao almoço). Veja abaixo como
ajudar.
Bruna não revela o nome do restaurante da família porque não
quer promover o próprio negócio através da boa ação. O único objetivo dela, da
mãe e dos demais voluntários é inspirar outras pessoas a fazerem o bem. Em dias
de tantas indefinições, a única certeza é que não existe isolamento capaz de
impedir a solidariedade.
Como ajudar
Doações de alimentos e materiais como garrafas pets e talheres descartáveis podem ser deixados em duas casas: Rua Safira, 168, bairro Ribeirão das Pedras, com Alessandra (47 9 8804 3271) ou Rua Cinco de Novembro, 55, bairro Carijós, com Luís (47 3333 5201).
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