Obesidade em pets

Por Dr. Edgar Cardoso 12/05/2020 - 18:25 hs

A obesidade tem aumentado em todo planeta, sendo classificada como problema de saúde pública mundial. A abundante oferta de alimentos palatáveis, energéticos e baratos, aliados aos hábitos sedentários, pode ser considerado o fator desencadeante desta epidemia.

Em medicina veterinária, a obesidade já é considerada a afecção nutricional e metabólica mais comum nas sociedades desenvolvidas. Estima-se que cerca de 34,1% da população canina americana encontra-se em sobrepeso ou obesa. Na Austrália, encontrou-se prevalência que variou entre 23 a 41% dos cães.

Estima-se ainda que 25 % dos cães sofram de disfunções hormonais e 15 % tenham a chamada "obesidade do stress" , que ocorre por falta de atividade, por solidão e até por carência de atenção, o que leva o cão a consumir alimentos em excesso como forma de aliviar a tensão (é o cão insaciável).

A obesidade é definida como um excesso de gordura corporal suficiente para prejudicar as funções fisiológicas do organismo.

O ser humano é definido como moderadamente obeso quando o peso real excede o peso ideal em 15 a 30%. Definições semelhantes foram propostas para cães e gatos e considera-se em sobrepeso o cão com mais de 15% de gordura corporal.

Apesar de ser considerada doença essencialmente nutricional, na origem da obesidade existem fatores genéticos, sociais, culturais, metabólicos e endócrinos, que determinam caráter multifatorial à afecção.

Todos esses fatores produzem um desequilíbrio entre o consumo e o gasto energético, que conduz a balanço energético positivo acumulado na forma de gordura, levando ao ganho de peso e mudanças na composição corporal.

As conseqüências imediatas da obesidade, como diminuição da resistência e os contornos pouco graciosos, não são nada em comparação com as múltiplas complicações que se podem produzir nos mais diversos sistemas como: transtornos no aparelho locomotor, dificuldades cardio-pulmonares, patologias nas funções reprodutivas, predisposição a diabetes, predisposição a enfermidades infecciosas, transtornos da pele além de, altos riscos cirúrgicos.

Os tutores contribuem significativamente para o ganho de peso em seus animais, por meio de falhas no ajuste das necessidades alimentares individuais, dificuldade de reconhecer a obesidade de seu animal, oferta de petiscos ignorando o seu valor energético, permissão do comportamento de súplica por alimento e prática insuficiente de exercícios.

Estudo recente, que avaliou a opinião de mais de 200 tutores sobre a condição corporal de seus animais, verificou que estes subestimam em 20% ou 30% o sobrepeso de seus cães.

No Brasil a obesidade está associada ao consumo de ração associado a alimento caseiro e/ou petiscos. A ração permanece sempre disponível, e no horário das refeições o animal recebe alimento caseiro, o que conduz a um super consumo de calorias.

Para o cão ou gato acima do peso iniciar um programa de emagrecimento o primeiro passo, é o mais difícil e também o mais importante que é o tutor convencer-se do estado de obesidade de seu cão (a imagem de que o cão gordo é um cão bem tratado é coisa do passado).

Outras dicas são: siga rigorosamente as indicações do fabricante quanto a quantidade de ração a ser fornecida. Fracionar a ração ao longo do dia para que o cão tenha sempre a sensação de estar saciado, isto é, em vez de dar 300g de uma só vez, fornecer 3 refeições de 100g.

Desapegar das guloseimas (o biscoito pela manhã, o pedacinho de queijo a tarde, o bifinho a noite, etc). Estes petiscos são utilizados de forma incorreta. Na verdade, foram criados para serem dados ao cão durante o treinamento, como prêmios, como um incentivo ao aprendizado.

E a mais importante sugestão é fazer com que o cão faça exercícios regularmente.

Se apesar de todas estas mudanças ele continuar com excesso de gordura, convém estabelecer um programa preciso de emagrecimento junto ao veterinário que o trata. Este poderá utilizar alimentos dietéticos industrializados ou elaborar um cardápio para dieta caseira.