Pediatria: O desenvolvimento motor infantil e o papel da fisioterapia

Por MOVIMENTO VITAL FISIOTERAPIA 19/05/2020 - 11:37 hs

O desenvolvimento motor é considerado como um processo sequencial, contínuo e relacionado à idade cronológica, pelo qual o ser humano adquire uma enorme quantidade de habilidades motoras, as quais progridem de movimentos simples e desorganizados para a execução de habilidades motoras altamente organizadas e complexas.

Sabe-se que o surgimento de movimentos e seu posterior controle ocorrem em uma direção céfalo-caudal e próximo-distal, porém este processo não se apresenta de forma linear, incluindo períodos de equilíbrio e desequilíbrio. Apesar disso, costuma cumprir uma seqüência ordenada e até previsível de acordo com a idade.

Diversos fatores, porém, podem colocar em risco o curso normal do desenvolvimento de uma criança. Definem-se como fatores de risco uma série de condições biológicas ou ambientais que aumentam a probabilidade de déficits no desenvolvimento neuropsicomotor da criança.

Dentre as principais causas de atraso motor encontram-se: baixo peso ao nascer, distúrbios cardiovasculares, respiratórios e neurológicos, infecções neonatais, desnutrição, baixas condições sócio-econômicas, nível educacional precário dos pais e prematuridade. Quanto maior o número de fatores de risco atuantes, maior será a possibilidade do comprometimento do desenvolvimento.

Desenvolvimento motor atípico: crianças com desenvolvimento motor atípico, ou que se apresentam com risco de atrasos, merecem atenção e ações específicas, já que os problemas de coordenação e controle do movimento poderão se prolongar até a fase adulta.

Além disso, atrasos motores freqüentemente associam-se a prejuízos secundários de ordem psicológica e social, como baixa auto-estima, isolamento, hiperatividade, entre outros, que dificultam a socialização de crianças e o seu desempenho escolar.

A Fisioterapia contribui com o desenvolvimento infantil, especialmente as atividades relacionadas à evolução da motricidade, tanto em lactentes saudáveis quanto nos expostos a fatores de risco de desenvolvimento motor atípico.

Para o planejamento de uma adequada intervenção, porém, torna-se necessária uma avaliação criteriosa que exceda a simples impressão clínica. Para a identificação precoce de desvios, tanto do crescimento como do desenvolvimento infantil, diferentes testes estão descritos na literatura. Estes testes de triagem aumentam a taxa de identificação de crianças com suspeitas de atraso e possibilitam o encaminhamento para diagnóstico e intervenção.

Os testes de avaliação do desenvolvimento motor utilizam critérios de seleção variados, como a idade da criança e a área a ser avaliada (força muscular, motricidade fina, motricidade ampla, fala, ou avaliação abrangente das capacidades funcionais) e agem facilitando o planejamento de ações precoces junto aos pais, médicos e terapeutas. Auxiliam na elaboração de um programa de tratamento podendo, através de seus resultados, ajudar os pais a entenderem melhor as limitações da criança.

Assim, as ações preventivas ou corretivas sobre os desvios do desenvolvimento dependem do conhecimento acerca da seqüência normal e regular das aquisições motoras, que consistirá na base para a elaboração de propostas adequadamente adaptadas à situação de cada criança. O período em que a intervenção é proposta também deve ser considerado. Nos primeiros anos de vida (primeiros 12 a 18 meses) existe uma maior plasticidade cerebral, o que possibilita a otimização de ganhos no desenvolvimento motor.

O desenvolvimento motor também pode ser avaliado pelo Teste de Triagem do Desenvolvimento de Denver. Este teste foi criado por Frankenburg et al., em 1967, com o objetivo de suprir a necessidade de um instrumento que auxiliasse na observação do desenvolvimento infantil, diante das dificuldades e inexistência de avaliações objetivas e padronizadas de rotina para crianças de 0 a 6 anos de idade. O teste é considerado de fácil administração, interpretação e reprodutibilidade.

Os programas de intervenção podem ter como foco a ação direta sobre a criança, com atividades que favorecem seu desenvolvimento motor e que podem vir a ser executadas por pais treinados, visitantes domiciliares treinados ou efetuadas em centros específicos.

Os programas oferecidos por centros especializados têm como vantagem a atuação de profissionais capacitados e com formação específica. Entretanto, crianças com risco de atraso no desenvolvimento, muitas vezes, estão impossibilitadas de receber alguma intervenção como esta, devido a condições econômicas desfavoráveis que limitam seu acesso aos serviços.

Ao contrário do que se pensava há algumas décadas, sabe-se hoje que o bebê tem capacidade de interagir com o meio em que vive e tomar decisões em relação ao seu contexto nos primeiros meses de vida. O tratamento das crianças com inabilidades motoras e as intervenções terapêuticas podem melhorar a função e a participação social. Assim, deve haver um trabalho em conjunto com os profissionais, a família, as crianças e seus educadores.

Com a identificação precoce de distúrbios no desenvolvimento motor, realizada através de uma avaliação criteriosa nos primeiros anos de vida, é possível determinar uma intervenção adequada, a fim de que as crianças com diagnóstico de atraso possam seguir a mesma seqüência que as crianças com desenvolvimento normal. Esta intervenção tem demonstrado mais benefícios para as crianças quando a participação dos pais é associada com a atuação do terapeuta.

Os hábitos da vida moderna tendem causar alterações nas experiências e vivências motoras. De forma geral, temos observado uma redução drástica na necessidade de movimentos realizados no cotidiano, pelo menos aqueles considerados amplos, que têm sido substituídos por movimentos que envolvem grupos musculares menores.

Essas alterações no repertório motor também têm sido observadas em crianças, com estas envolvidas cada vez mais cedo com aparelhos e jogos eletrônicos, em detrimento de realizar as atividades e brincadeiras tradicionais que envolvam ações motoras grossas, como por exemplo, as habilidades motoras fundamentais.

Embora o desenvolvimento motor pareça similar entre os seres humanos, diversas características são específicas ao ser em desenvolvimento. Essas especificidades no desenvolvimento motor são decorrentes de características individuais (orgânicas, psicológicas, motivacionais, etc.) e também do ambiente no qual o ser em desenvolvimento está inserido.

O desenvolvimento motor se dá com muita intensidade na infância, período em que existe uma ampla plasticidade do sistema nervoso central, possibilitando aumento nos ganhos motores e sistemas integrados.

O desenvolvimento normal de uma criança é delimitado por alguns marcos motores, que são atividades atingidas por crianças em determinada idade cronológica, isolados artificialmente para verificar o desenvolvimento, mas isto não ocorre de maneira linear. Trata-se de uma estratégia para testar o progresso motor e mental de uma criança.

O termo desenvolvimento motor normal é geralmente utilizado para descrever os resultados da maturação do sistema nervoso durante os primeiros anos de vida da criança.

O fisioterapeuta é um profissional importante no acompanhamento de bebês e crianças pequenas, tanto para estimular adequadamente as habilidades pertinentes a cada faixa etária, prevenir e intervir precocemente no caso de desvios do desenvolvimento, bem como, na orientação das educadoras que atendem esta demanda, baseado no conhecimento do processo natural ao qual a criança passa para adquirir a independência física.

A pediatria trabalha com a facilitação do aprendizado motor, ou seja, o fisioterapeuta começa a dar suporte para que a criança possa aprender o movimento.  O fisioterapeuta funciona como uma extensão do Sistema Nervoso Central da criança, pois trabalha com pontos chaves para que ela consiga adquirir o movimento. Já com o adulto se trabalha com o reaprendizado, ou seja, com a memória.

A fisioterapia associa-se a pediatria tratando as alterações de crescimento e desenvolvimento. A fisioterapia pediátrica utiliza uma abordagem com base em técnicas neurológicas motoras e cardiorrespiratórias especializadas, buscando integrar os objetivos fisioterapêuticos com atividades lúdicas e sociais levando a criança a uma maior integração com sua família, ambiente e sociedade.


 Dra. Bárbara Maurício Nascimento  CREFITO 10 74799F

Referencial:
• Revista Neuro Ciencias
• Ministério da Saúde
• Scielo
• Master Editora

Dica da MOVIMENTO VITAL FISIOTERAPIA: Disciplina gera resultados!

Responsável técnica: CREFITO 10 74799F

Envie sugestões de assuntos para movimentovitalfisioterapia@gmail.com