Prefeitos de SC assinam acordo pela vacina no próximo dia 10
Está marcada para o próximo dia 10 de dezembro a assinatura
de um protocolo de intenções entre a Federação Catarinense de Municípios
(Fecam) e o Instituto Butantan, ligado ao governo do Estado de São Paulo, para
compra de vacinas contra a Covid-19. O presidente da entidade e prefeito de
Rodeio, Paulo Roberto Weiss, levará uma comitiva a São Paulo para firmar a
parceria.
O acordo abre uma possibilidade de compra futura pelos
municípios do Estado. A vacina produzida pelo Instituto em parceria com a
farmacêutica chinesa Sinovac seria distribuída para as prefeituras de Santa
Catarina. Apesar da assinatura, o produto ainda não foi certificado pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O documento não prevê uma quantidade de vacinas a serem
compradas, o que seria discutido mais para frente. O custo deve ser de R$ 30
por dose. Cada pessoa precisa receber duas doses.
A ponte entre os municípios e o governo de São Paulo tem
sido intermediada pelo catarinense Vinicius Lummertz, que é secretário de Turismo
do Executivo paulista. O médico e ex-deputado Jailson Lima da Silva tem
participado das negociações em nome da Fecam.
"O Ministério da Saúde não tem um plano de imunização
para o Coronavírus. [...] A vacina do Butantan é até o momento a mais eficiente
já produzida. Precisamos 'desideologizar' a vacina", disse Lima da Silva,
em reunião da comissão de Saúde da Alesc nesta quarta-feira (2), que debateu o
assunto. "Se é do Butantan eu acredito", complementou.
A assinatura está marcada para as 14 horas do dia 10. Em
seguida, às 15h30, a comitiva visita a sede do Instituto Butantan e às 17h
estarão na sala de crise da Covid-19 do governo paulista.
Conflito
O secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro,
mostrou desconforto com a parceria. "Nós temos toda a campanha de
vacinação estruturada para o ano que vem. Só lamento que foram trazidas duas
frentes para essa discussão. Quando se aproxima de São Paulo antes de se
aproximar do Estado de Santa Catarina isso causa uma certa dualidade na
condução do processo", disse.
"É muito complicado se imaginar que vacinas pontuais em
pequenos grupos de municípios do Estado tenha a eficácia que nós gostaríamos
que tivesse", acrescentou. Segundo ele, a pasta já comprou agulhas e
seringas e estuda a aquisição de refrigeradores e outros equipamentos
necessários para a vacinação. Além disso, prepara um treinamento para os
profissionais e tem recurso reservado para compra dos imunizantes (cerca de R$
200 milhões).
O presidente da comissão de Saúde na Alesc, deputado Neodi
Saretta (PT), vê um conflito entre os entes da federação. "É público
e notório que o Ministério da Saúde está perdido. Tem jogado apenas numa única
vacina e não tem admitido, pelo menos ao que se vê publicamente, outra. A
vacina que o Ministério está apostando, esperamos que dê certo, ainda está em
fase de estudos", disse.
Essa falta de certeza do governo federal foi o que mobilizou
os prefeitos catarinenses. Já o governo de Santa Catarina sinalizou que espera
a vacina via Ministério da Saúde.
Prioridade
A superintendente de vigilância em Saúde de Santa
Catarina, Raquel Ribeiro Bittencourt, disse que conscientizar a população pela
necessidade da vacina é um desafio, mas defendeu a programação do Executivo
estadual. "Temos uma estrutura muito boa. Santa Catarina responde muito
bem às campanhas de vacinação. Durante a pandemia, os municípios se prepararam
muito bem com agendamento das vacinas do calendário normal", disse.
Além disso, Bittencourt apresentou as prioridades para a
vacina estabelecida pelo Ministério da Saúde:
Primeira etapa - Profissionais de saúde, pessoas acima
de 75 anos, pessoas acima de 60 anos que residam em instituições psiquiátricas
ou de longa permanência (antigos asilos), e população indígena;
Segunda etapa - Pessoas entre 60 e 74 anos;
Terceira etapa - Pessoas com comorbidade;
Quarta etapa - Professores, trabalhadores da forças da segurança e salvamento, do sistema prisional, e presos.