No decorrer de nossas vidas, passamos por várias situações
de separação que envolvem um processo de aceitação e de readaptação; o
nascimento e a saída do ventre materno, quando deixamos de ganhar colo, a ida
pela primeira vez à escola, o término do primeiro namoro, a saída de casa para
estudar fora, trabalhar, para casar e constituir uma nova família, entre
outras. Todas essas separações que ocorrem no ciclo vital são caracterizadas
pela perda de algo.
Se a morte já é permeada por um tabu, quando nos deparamos com situações de perda por separação, somos levados a pensar o quanto em nosso contexto cultural o luto muitas vezes não é reconhecido tanto pela sociedade como pelos próprios enlutados.
Conforme Ducati (2013), dentre as relações
amorosas estão aquelas que também não são reconhecidas socialmente como a
homossexualidade e os amantes (extra-conjugais), portanto, o luto nestas
configurações de relacionamento também acaba por não serem validados.
Segundo Ducati (2013, p. 76), a ruptura de um vínculo afetivo sempre traz sofrimento, seja ele hétero ou homossexual. A falta de apoio social provoca isolamento, dificulta a expressão dos sentimentos, não dá direito a dor, ao choro, ao luto.
Outra questão apontada pela mesma autora é o quanto não tem direito ao luto, um homem que se separa de sua esposa para assumir sua escolha homossexual, que além da culpa por deixar a mulher e filhos, existe a culpa por assumir sua escolha.
Da mesma forma ocorre na
relação dos amantes, por serem relações que se dão as escondidas, são
socialmente excluídas e, por sua vez também não lhe é dado o direito a dor e ao
sofrimento.
Em se tratando do casamento, seja ele formal ou não, nos deparamos com uma outra questão, onde existe sim a validação social da relação, porém, em sua ruptura o luto experimentado e vivido não é reconhecido.
Nos
casos de separação e divórcio existe o rompimento de um vínculo, essa ruptura
significa perda, toda perda pressupõe luto. O luto dos ideais, da família
sonhada, dos bens materiais, do status, de um nome (no caso da mulher), luto
pela identidade perdida.
Mesmo que na separação a morte não seja física e sim psíquica, conforme Ducati (2013, p. 82), os sentimentos evocados são semelhantes e podem ser traduzidos de três formas: sentimento de fracasso, de impotência e de finitude.
Durante o processo de separação há um tempo psíquico
que é muito pessoal, no qual cada um, entre esperanças e decepções, vai vivendo
um luto antecipado.
Reconhecer-se como enlutado, se permitir um processo de
elaboração para que possa ocorrer a reorganização é fundamental. Neste momento
algumas pessoas contam com o apoio da família, dos amigos, da espiritualidade,
enfim, buscam de alguma forma expressar a dor e o sofrimento, caso contrário, a
dor encerrada, sem nenhuma forma de expressão torna-se ressentimento.
É preciso ritualizar essa mudança, resignificar e possibilitar um lugar ao novo.
Por: Patrícia dos Santos
Psicóloga do Boa
Vida, Especialista em Gestão de Pessoas, Formação em Tanatologia, Formação
em Terapia Cognitivo Comportamental.
Fonte: DUCATI, D. P. O luto da separação nas relações
amorosas: In: CASELLATO. G. (org). Dor silenciosa ou dor silenciada? Perdas e
lutos não reconhecidos por enlutados e sociedade. 2a ed. Niterói: PoloBooks,
2013.
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