Pais e bebês prematuros devem ficar juntos, defende campanha
Hoje é celebrado o Dia Mundial da Prematuridade
Hoje é celebrado o Dia Mundial da Prematuridade
Dados da Organização Pan-americana de Saúde (Opas) indicam
que anualmente nascem mais de um milhão de bebês prematuros, pequenos e
gravemente doentes, nas Américas. Nesta quarta-feira (17), é celebrado o
Dia Mundial da Prematuridade. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil ocupa a
10ª posição entre as nações onde são registrados mais casos de prematuridade.
O bebê é considerado prematuro, segundo parâmetros da
Organização Mundial de Saúde (OMS), quando nasce antes das 37 semanas de
gestação. Essa foi a principal causa de mortalidade infantil em todo o mundo,
segundo a organização.
Amora Dias, de 6 anos, chegou ao mundo com apenas 27 semanas
de gestação e 760 gramas. Enfrentou quase três meses de internação em UTI
neonatal e uma série de desafios durante o período de internação hospitalar.
“Assim que ela nasceu, já foi para CTI neo e foram 111 dias
de internação. Ela teve bastante intercorrência nesse tempo, como ritnopatia da
prematuridade, hemorragia intracraniana, crises convulsivas, anemia e precisou
de [transfusão de] sangue quatro vezes, foi muita coisa. Por conta da
hemorragia, ela tem paralisia cerebral. As pessoas acham que prematuridade é só
ganhar peso. Isso é um mito que tentamos combater porque, na verdade, a
situação do prematuro é muito grave”, contou Agda Dias, mãe de Amora.
Segundo Agda, a possibilidade de acompanhar de perto e
integralmente a recuperação da filha, por meio do método canguru, foi o que
amenizou as dificuldades que enfrentava. A medida é indicada pelo Ministério da
Saúde para que mães de bebês que nasceram prematuros
possam ter contato pele a pele com o filho.
“Peguei a Amora no colo com um mês de internação, porque é
muito arriscado pegar antes porque o bebê corre risco com essa manipulação e
ali mudou muito a minha relação com ela porque senti o pertencimento, a falta
que ela me fazia, de tê-la comigo e depois desse dia, todos os dias fizemos
‘canguru’, disse.
Agda alerta para os desafios e desinformações em torno da
prematuridade. Segundo ela, é fundamental buscar psicológico e a troca de
informações com mães que enfrentam situações semelhantes. Em virtude do
nascimento prematuro, Amora tem paralisia cerebral e comprometimento motor.
“O que a gente lida com a prematuridade é pesadíssimo e a
gente não dá conta. Buscar uma ajuda profissional psicológica e até mesmo um
psiquiatra para ajudar com medicação, se for preciso, porque é pesado. E buscar
compartilhar isso, buscar outras mães que já passaram por isso. A sensação que
dá é que só o seu filho está passando por aquilo, a gente não conhece tantos
prematuros assim.” Para ajudar pessoas que vivem os mesmos desafios, Agda
mantém um perfil com vídeos e fotos das atividades da pequena Amora.
Pais e bebês juntos
Para alertar e informar sobre a prematuridade, a Rede
Mundial de Prematuridade realiza anualmente uma campanha de sensibilização. Em
todo o mundo, monumentos e prédios públicos são iluminados de roxo para chamar
a atenção para a causa, na chamada Global Illumination Initiative.
Neste ano, o foco é a separação zero entre mãe e bebê
prematuro, ou seja, permitir que a mãe tenha condições de ficar internada para
acompanhar o filho prematuro o tempo todo e que o pai também tenha livre
acesso. Em virtude da pandemia de covid-19, o ambiente hospitalar precisou se
readequar às normas de segurança, o que acabou separando os bebês de seus pais.
Para a enfermeira neonatal e vice-diretora executiva da ONG
Prematuridade.com, Aline Hennemann, o contato direto entre mãe e bebê é
fundamental para recuperação da criança.
“O nosso principal desafio hoje é mostrar para as
pessoas que o prematuro não é um mini adulto, ele é um ser em formação. O lugar
dele seria dentro do útero materno. Dentro das UTIs neonatais, a gente tenta
reproduzir o útero materno, então os nossos desafios são levar atenção integral
para esse bebê prematuro, para essa família, levar ambulatórios de segmentos
que possam fazer o acompanhamento pós alta desse bebê prematuro e dessa
família”, explica.
Anualmente, a ONG realiza atividades de sensibilização
sobre o nascimento de bebês prematuros no Brasil. Em decorrência da
pandemia, as atividades são realizadas de forma virtual este ano. Saiba como
participar.
“Em virtude da pandemia de covid-19, a campanha tem sido
restrita ao ambiente virtual por meio das redes sociais, com material de
sensibilização sobre o assunto”, disse a enfermeira. “Pai e mãe que passam por
uma internação em UTI neonatal são comparados a soldados que participaram de
uma guerra de tão traumática que é essa internação. E vão além das questões que
a prematuridade provoca. Os impactos do nascimento de um bebê prematuro vão
muito além do que as sequelas de saúde podem causar. Ela traz um trauma
psicológico para as famílias”, afirmou.
O Novembro Roxo, mês da conscientização para os cuidados e
prevenção da prematuridade, também alerta sobre o crescente número de partos
prematuros, e como preveni-lo, além de informar sobre as consequências do
nascimento antecipado para o bebê, para sua família e para a sociedade.
“Hoje, no Brasil, 11,8% dos bebês nascidos vivos são prematuros. A prematuridade é a maior causa de morte infantil antes dos cinco anos. Poucos conhecem isso. A prematuridade causa 10 vezes mais de óbitos de crianças do que o câncer. Então, é muito representativo”, explicou Aline.
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