Papa diz que jovens estão nas redes sociais, mas são pouco sociáveis
Ele encerrou visita à Grécia. Antes, esteve no Chipre
Ele encerrou visita à Grécia. Antes, esteve no Chipre
O Papa Francisco alertou que muitos jovens
"estão nas redes sociais, mas não são muito sociáveis", vivendo
"prisioneiros dos seus telemóveis". Durante encontro em Atenas, na
Grécia, Francisco pediu que eles se encontrem e não se
fechem. Ele encerrou visita ao país, onde chegou no sábado passado
procedente do Chipre, em sua 35ª viagem.
"Corremos o risco de esquecer quem somos, obcecados por
milhares de aparências, por mensagens esmagadoras que fazem a vida depender das
roupas que vestimos, do carro que conduzimos, da maneira como os outros nos
olham", alertou o papa, no pavilhão desportivo da escola internacional de
São Dionísio das monjas ursulinas de Atenas, diante de jovens, professores e
religiosos, sentados a distância devido às medidas de combate ao novo
coronavírus.
Francisco aconselhou os jovens a reconhecerem o seu próprio
valor, por aquilo que são e não por aquilo que possuem. "Não tens
valor pela marca de roupa ou calçado que usas, mas porque és único, és
único", disse.
Ele citou como exemplo uma passagem da Odisseia de
Homero, especialmente quando o personagem Ulisses encontra as sereias durante a
sua jornada, e elas atraem os marinheiros com os seus cantos para os
fazerem chocar contra os recifes.
As sereias de hoje "querem hipnotizá-los com mensagens
sedutoras e insistentes" e "visam o lucro fácil, as falsas
necessidades do consumismo, o culto ao bem-estar físico, a diversão a todo o
custo", disse.
"Queres fazer algo novo na vida? Queres
rejuvenescer?" perguntou Francisco. "Não te contentes em
publicar um post ou um tuíte. Não te contentes com encontros
virtuais, procura os reais, principalmente com aqueles que precisam de ti; não
procures visibilidade, mas sim os invisíveis. Isso é original, isso é
revolucionário", afirmou.
Para o papa, atualmente muitos jovens "estão nas redes
sociais, mas não são muito sociáveis, encerrados em si mesmos, prisioneiros do
telemóvel que têm nas mãos". "No ecrã [tela] falta o outro, os seus
olhos, a sua respiração, as suas mãos", insistiu.
"O ecrã facilmente se torna um espelho, onde tu pensas
que estás diante do mundo, mas na realidade estás sozinho num mundo virtual
cheio de aparências, de fotos alteradas para ficarem sempre lindos e em
forma", disse.
O papa pediu aos jovens que saiam "das suas
zonas de conforto" porque, embora "seja mais fácil sentar-se no sofá
em frente à televisão", isso é "algo de velhos".
"Ser jovem é reagir, abrir-se quando se sente só,
procurar os demais quando vier a tentação de se fechar", acrescentou.
Ele deu um último conselho: "Sonhem grande! E sonhem
juntos! Mesmo que haja sempre alguém que vos diga: `Deixem estar, não
arrisquem, é inútil`". O papa considerou esses últimos "como
anuladores de sonhos, assassinos da esperança, nostálgicos incuráveis do
passado".
A viagem ao Chipre e à Grécia foi marcada principalmente pela denúncia da indiferença dos países europeus perante o problema das migrações.
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