Avião da PF chega a Brasília com restos mortais de desaparecidos
Material será enviado para perícia
Material será enviado para perícia
O avião da Polícia Federal (PF) que transportou os
remanescentes humanos encontrados durante as buscas pelo indigenista Bruno
Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips pousou, por volta
das 18h30, no Aeroporto de Brasília. O material está sendo levado para o
Instituto Nacional de Criminalística, onde será periciado para confirmação da
identidade.
Ontem (15), a PF confirmou que foram encontrados
restos mortais durante as buscas que foram realizadas com a presença
do pescador Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como "Pelado”. Ele
confessou a participação no desaparecimento e indicou o local onde os corpos
foram enterrados.
Diante da confissão, a PF foi até o local, onde foi
realizada a reconstituição da cena do crime. Durante as escavações, as equipes
encontraram remanescentes humanos em uma área de mata fechada.
As investigações continuam para apuração da suposta participação
de mais pessoas no desaparecimento e para encontrar o barco utilizado pelos
suspeitos para executar os crimes.
O indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista
inglês Dom Phillips, correspondente do jornal The Guardian no
Brasil estavam desaparecidos desde 5 de junho, na região do Vale do
Javari, no oeste do Amazonas.
De acordo com a coordenação da União das Organizações
Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Bruno Pereira e Dom Phillips
chegaram na sexta-feira (3) no Lago do Jaburu, nas proximidades do rio
Ituí, para que o jornalista visitasse o local e fizesse entrevistas com
indígenas.
Segundo a Unijava, no domingo (5), os dois
deveriam retornar para a cidade de Atalaia do Norte, após parada na comunidade
São Rafael, para que o indigenista fizesse uma reunião com uma pessoa da
comunidade apelidado de Churrasco. No mesmo dia, uma equipe de busca da Unijava
saiu de Atalaia do Norte em busca de Bruno e Dom, mas não os
encontrou e eles foram dados como desaparecidos.
Pesar
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luiz Fux, demonstrou pesar diante da
confirmação do assassinato do indigenista e do jornalista. Fux informou que o
caso será acompanhado por um grupo de trabalho do conselho.
“Em nome dos observatórios e do grupo de trabalho, o
ministro Luiz Fux manifesta extrema tristeza pelos acontecimentos e afirma às
famílias e aos amigos que a luta do indigenista e do jornalista para garantia
dos direitos humanos e da preservação da Amazônia jamais será esquecida”,
declarou.
Em nota, a Câmara de Povos Indígenas e Comunidades
Tradicionais do Ministério Público Federal (MPF) declarou que o Estado
brasileiro não pode tolerar atos de violência contra defensores dos direitos
humanos.
“Cientes da gravidade da situação, da dor e angústia de
familiares e amigos do indigenista Bruno Pereira e do
jornalista Dom Phillips, expressamos nossa solidariedade ao tempo que
reafirmamos o compromisso do Ministério Público Federal de continuar
acompanhando e agindo em conformidade com suas atribuições, na busca da
completa elucidação dos fatos e da garantia dos direitos indígenas”, declarou o
órgão.
Ontem (15), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco,
também manifestou pesar pelas vítimas.
“É com enorme pesar que recebo a notícia de que foram encontrados os restos mortais do indigenista Bruno Araújo e do jornalista Dom Phillips. Em respeito às vítimas, à Amazônia e à liberdade de imprensa, espero que todos os criminosos envolvidos sejam punidos com o rigor da lei”, declarou.
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