Seminário alerta sobre casos de câncer de boca em Santa Catarina
O câncer de boca no Brasil é o quinto tipo de câncer mais
frequente entre os homens e está dentre os dez tumores malignos com maior taxa
de mortalidade neste gênero. Em Santa Catarina há a previsibilidade de que
ocorram mais de mil casos da doença. Para alertar os cirurgiões dentistas,
clínicos gerais e futuros profissionais da área, o Seminário de Câncer Bucal:
do diagnóstico ao tratamento, realizado na tarde desta terça-feira (26), no
auditório Antonieta de Barros, reuniu cinco especialistas para falarem dos
diagnósticos, tratamento e medidas de prevenção.
Promovido com apoio da Comissão de Saúde da Assembleia
Legislativa, o seminário foi promovido pela Coordenadoria da Saúde Bucal da
Prefeitura de Florianópolis, O Conselho Regional de Odontologia (CRO-SC) e a
Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço (ACBG Brasil), com objetivo
de promover o Julho Verde, que é uma campanha de conscientização sobre o câncer
de cabeça e pescoço, criado pela ACBG-Brasil, que visa a alertar a população
sobre os tipos de câncer que acometem a região.
O Dia Mundial da Conscientização e Combate ao Câncer de
Cabeça e Pescoço é celebrado em 27 de julho. O intuito é chamar a atenção da
população para uma maior conscientização dos cuidados necessários para evitar a
manifestação ou evolução de tumores em órgãos localizados na região acima do pescoço.
Então, fazer o autoexame, e sempre estar alerta a qualquer um desses sintomas,
é essencial para a descoberta precoce do câncer, explica a cirurgiã-dentista do
Centro de Pesquisas Oncológicas (Cepon), mestre em endodontia pela Universidade
de Showa (Tóquio/Japão) e mestre em diagnóstico bucal pela UFSC, Mariana
Comparotto Minamisako, uma das palestrantes.
De acordo com ela, são considerados câncer de cabeça e
pescoço aqueles que atingem a boca, as cavidades nasais, gengivas, bochechas,
amígdalas, faringe, laringe e os seios da face (ou paranasais). As formas de
prevenção são pertinentes, principalmente, ao autocuidado relacionado à
higiene. As principais causas do câncer de cabeça e pescoço são má higiene
bucal, alcoolismo, tabagismo e a infecção por papilomavírus humano (HPV). Para
combater o avanço dessa doença foi instituída a campanha Julho Verde.
Os sintomas do câncer de cabeça e pescoço são dor,
dormência, feridas, secreções, sangramentos, inchaços, caroços e manchas
brancas ou vermelhas na região. Podem ocorrer diminuição ou perda dos sentidos,
fraqueza em alguma parte do rosto, assimetria facial ou do pescoço e perda de
peso. Além disso, podem acontecer também dificuldade para abrir a boca
amplamente, para falar, respirar ou engolir; rouquidão ou tosse persistente,
abaulamento de um olho, congestão ou obstrução nasal duradoura, sensação
constante de ouvido tampado ou zumbido no ouvido e amigdalites e otites
corriqueiras.
Objetivos do seminário
A coordenadora da Saúde Bucal da Prefeitura de Florianópolis, Valeska Pivatta,
relata que nos últimos sete anos somente no município foram registrados
aproximadamente 500 casos de câncer de boca. “O seminário teve como objetivo
sensibilizar a classe odontológica para um olhar mais cuidadoso com todos os
pacientes, com todos os usuários que chegam ao serviço, sejam serviços públicos
ou privados, para a questão do câncer de boca.” Ela lembra que dentro do mês
Julho Verde, que trata sobre o câncer de cabeça e pescoço, o seminário focou no
câncer de boca, uma enfermidade que afeta principalmente os homens.
Participaram do evento os especialistas, Liliane Janete
Grand, que abordou o tema diagnóstico de lesões iniciais e a importância do
exame clínico. Gilberto Teixeira, que ministrou palestra sobre o tratamento
oncocirúrgico: diferença entre tratar lesões iniciais e avançadas, a cirurgiã
dentista, Mariana Comparotto Minamisako, que relatou sobre o preparo de
paciente pré-radioterapia, a especialista Cleumara Kosmann, que abordou sobre a
reabilitação protética pós-tratamento onco cirúrgico e Grasiele Ramos, que
destacou a experiência exitosa na conscientização da população sobre a temática
do Câncer Bucal.
A cirurgiã-dentista, Mariana Comparotto Minamisako, falou
que após o diagnóstico do câncer, o paciente tem que estar com a boca 100%
livre de foco de infecção para não ter nenhuma intervenção durante o
tratamento. “O dentista que atua nesta área, extraindo dentes, fazendo
tratamento de canal e removendo cáries, tem uma atividade muito importante no
tratamento do câncer. “
Ela relatou que há oito anos atua no Cepon, em Florianópolis, onde já ocorreram neste período vários extremos, coias boas e outras nem tantos, e uma das principais dificuldades nesta área é que a maioria dos pacientes que chegam para tratamento de câncer tem uma saúde bucal precária.”Temos que correr contra o tempo, em dez dias, por exemplo, temos que extrair 22 dentes, isso já aconteceu.