Setembro Amarelo ou Ano Amarelo?

Suicídio: Quando o sofrimento grita através do silêncio

Por Plano Boa Vida 11/10/2022 - 08:22 hs

Qual o limite do sofrimento humano? De onde vem esse sofrimento? O que faz uma pessoa pensar na morte como possibilidade? Questionamentos nada simples de serem respondidos e que demonstram a importante complexidade do fenômeno do suicídio.

Estas questões norteiam apenas algumas discussões e, inegavelmente no mês de setembro brotam como erva daninha em algumas falas nada cuidadosas e especialmente equivocadas para com quem sofre pela perda de um ente querido para o suicídio (os sobreviventes). Uma das falas mais comuns e que são ditas fora de contextualização é que o suicídio tem um grande percentual de chances de ser evitado. Isso gera uma culpa sem medida no sobrevivente, após a perda.

O suicídio deve ser pensado como multifatorial, ou seja, não existe um único fator determinante para que uma pessoa passe a considerar a possibilidade de colocar um ponto final em sua vida. É possível pensar que sentimentos e emoções que não encontram espaço, dores caladas e abafadas, traumas e perdas acumuladas que podem prejudicar a capacidade de tolerância e resiliência, são fatores que encontram um terreno fértil na vulnerabilidade da existência humana.

Sim, existir, viver é estar vulnerável. É saber que o sofrimento em diferentes proporções vai bater na porta em algum momento, mas que ele não precisa fazer morada ali. Quando o sofrimento chegar, convide-o a sentar, sirva uma xícara de café, e deixe que se vá…porém, às vezes enfrentar nossos monstros sozinhos quando não temos perspectivas pode ser bastante desafiador.

Quando de certa forma, menciono para deixar que o sofrimento entre, é porque não estamos imunes a dor, ao sofrer, mas que diante destes, possamos convidar a se sentar, pois, negar ou esconder dificulta receber e buscar qualquer tipo de ajuda, servir a xícara de café representa o falar sobre o assunto, e o deixar que se vá é porque quando a dor da alma, e ou o sofrimento recebe cuidado especializado,  deixam de habitar de forma estagnada, rígida, inflexível e o viver pode então se tornar uma prioridade. 

A saúde mental é algo muito importante, é geradora de equilíbrio em nossa vida e nosso existir no mundo. O sofrimento psíquico não pode ser negligenciado.

Como podemos acolher alguém em sofrimento?

1 - Mostre que você se importa, ouça com atenção; 

2 - Pergunte se ela pensa em terminar com a vida, existe um mito de que perguntar pode aumentar o risco; 

3 - Escute, mas sem julgamentos ou minimização do sofrimento;

4 - Leve qualquer ameaça de suicídio a sério;

5 -Não prometa segredos sobre esse sofrimento, não devemos carregar essa responsabilidade sozinhos, tome atitudes, peça ajuda para então ajudar;

6 - Auxilie a pessoa a encontrar ajuda especializada.

“Uma única gota pode ser o limite de um copo cheio de água e fazê-lo transbordar, mas nenhum copo fica cheio com uma única gota de água”.

Peça ajuda! Permita-se ser ajudado!

CVV (Centro de Valorização da Vida - Disque 188 (ligação gratuita em todo país)

Chat, e-mail acesse - https://www.cvv.org.br/quero-conversar/

Por mais cuidado, escuta e respeito ao sofrimento humano.

Por Patrícia dos Santos - Psicóloga