Netanyahu nega possibilidade de interrupção de bombardeios em Gaza
Primeiro-ministro de Israel cita Torá e afirma que "é tempo de guerra"
Primeiro-ministro de Israel cita Torá e afirma que "é tempo de guerra"
O primeiro-ministro
de Israel, Benjamin Netanyahu, negou, nesta segunda-feira (30) qualquer
possibilidade de interromper os bombardeios na Faixa de Gaza.
“Pedir por um
cessar fogo é pedir para Israel se render ao Hamas, se render ao terrorismo, se
render à barbárie. Isso não vai acontecer. Senhoras e senhores, a Bíblia diz
que há o tempo de paz e o tempo de guerra. Esse é o tempo da guerra”, disse,
citando a Torá, livro sagrado do judaísmo.
Na sexta-feira
(27), a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou por ampla maioria uma
resolução que determina o cessar fogo imediato.
Antes de falar com
a imprensa, Netanyahu usou as redes sociais para prestar solidariedade a três
mulheres sequestradas pelo Hamas que tiveram um vídeo divulgado pelo grupo
nesta segunda-feira (30). Elas foram capturadas no dia 7 de outubro. No vídeo,
uma delas critica a inação do governo israelense em relação aos reféns.
O grupo islâmico
Hamas, que controla a Faixa de Gaza, propôs a troca dos cerca de 200 reféns
pelo que eles chamam de presos políticos. Segundo o último relatório das Nações
Unidas, divulgado em julho, há mais de 5 mil palestinos em prisões israelenses,
incluindo 160 crianças. Cerca de 1,1 mil deles, segundo a ONU, foram detidos
sem acusação ou julgamento.
No pronunciamento,
Netanyahu exigiu a liberação de todos os reféns imediatamente e voltou a exigir
que os civis evacuem o norte da Faixa de Gaza.
“Nós estamos nos
esforçando para evitar ao máximo vítimas civis. Não apenas pedindo que os civis
se mudem, mas também encontrando lugares para que eles estejam em segurança com
suporte humanitário, com alimentos, com água, com medicamentos”, declarou o primeiro-ministro.
A região apontada
por Netanyahu como área segura é o sul da Faixa de Gaza. Mas Hasan Rabee, uma
das 34 pessoas que esperam ser resgatadas pelo governo brasileiro e que está em
Khan Yunis, cidade que fica justamente ao sul da Faixa de Gaza, confirmou que o
prédio ao lado onde os brasileiros estão abrigados foi bombardeado nesta
segunda-feira (30) e foi preciso evacuar a área.
“A gente tem que
esvaziar com medo de que eles vão bombardear de novo. A casa que foi atacada ao
lado de onde a gente está. Bastante gente ferida. Cidadãos fazendo ajuda
humanitária para resgatar os feridos. Absurdo”, lamentou Rabee.
Rabee e outros
brasileiros também contam que é preciso racionar água e que para conseguir um
único pão é preciso enfrentar filas de até 5 horas. No sábado (28), um depósito
de alimentos da ONU, que tinha acabado de ser abastecido com alimentos vindos
do Egito, foi invadido. Em nota, as Nações Unidas afirmaram que o saque de
alimentos “é um sinal preocupante de que a ordem civil está começando a ruir
depois de três semanas de guerra”.
Hoje à tarde, o
Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, conversou ao telefone
com o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken. Eles falaram
sobre novas tentativas de acordo no Conselho de Segurança da ONU em relação ao
conflito.
Desde o começo da
crise, quatro propostas de resolução foram apresentadas, uma delas do Brasil,
mas foram vetadas ora pelos Estados Unidos, ora pela Rússia. Eles também
falaram sobre a emergência humanitária na Faixa de Gaza e a situação da
fronteira entre o Egito e Gaza. Há três semanas, o governo brasileiro negocia a
abertura da fronteira para poder retirar seus nacionais da zona de conflito.
Desde o dia 7 de outubro, mais de 8 mil palestinos morreram em Gaza, aponta levantamento da ONU. Sete em cada dez vítimas são mulheres e crianças. Mais de 1,4 milhão de pessoas estão desabrigadas, o que representa cerca de 60% da população de Gaza. A violência também cresceu na Cisjordânia, território palestino que não está sob controle do Hamas, onde 121 pessoas foram mortas ou por colonos ou pelas forças armadas israelense. No mesmo período foram mortos mais de 1,4 mil israelenses, a maioria no dia 7 de outubro.
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