Pacheco: ministros do STF não se sobrepõem ao Congresso e ao Planalto
Senado aprovou PEC que limita decisões individuais no Supremo
Senado aprovou PEC que limita decisões individuais no Supremo
O presidente do
Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que as decisões individuais de um
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) não podem se sobrepor ao Congresso
Nacional e ao presidente da República.
A declaração ocorre
após o Senado ter aprovado nessa quarta-feira (22) proposta de emenda à Constituição (PEC) que limita as decisões
monocráticas (individuais) dos ministros da Corte Suprema e demais
tribunais. Mais cedo, nesta quinta-feira (23), o presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, disse que a proposta é desnecessária e não contribui para o
Brasil.
"Estamos
promovendo uma busca de equilíbrio entre os Poderes, para que uma lei, votada
no Congresso Nacional, que é formado por representantes do povo
brasileiro, não seja descontruída por um ato unilateral de uma pessoa, que por
mais importância que tenha, como ministro do Supremo Tribunal Federal, não se
sobrepõe ao Congresso Nacional, não se sobrepõe ao Presidência da
República, não se sobrepõe ao colegiado da sua própria Casa",
afirmou Pacheco.
De acordo com
Pacheco, a proposta tem embasamento técnico, foi amplamente debatida com a
sociedade e pelos senadores e busca equilíbrio entre os Poderes. Ele
argumenta ainda que a própria Constituição prevê que declarações de
inconstitucionalidade de leis devem ser tomadas pela maioria absoluta
do colegiado do STF, o que não vem sendo, segundo ele, cumprido no país.
“Não podemos
admitir que a individualidade de um ministro do Supremo Tribunal Federal
declare inconstitucional uma lei sem a colegialidade do Supremo Tribunal
Federal. Portanto, não admito que se queira politizar e gerar um problema
institucional ao entorno de um tema que foi debatido com a maior clareza
possível, que não constitui nenhum tipo de enfrentamento, nenhum tipo de
retaliação, e nós jamais nos permitiríamos a fazer isso, porque é algo
puramente técnico”, disse em entrevista à imprensa.
Pacheco afirmou,
que como presidente do Senado, já defendeu o STF e seus ministros. Ele
ressaltou que nenhum Poder detém monopólio para defesa da democracia nem é
intocável.
“Quero dizer que
nenhuma instituição tem o monopólio da defesa da democracia no Brasil. Aqui
desse púlpito e do plenário do Senado Federal, eu, como presidente do Senado,
defendi o Supremo Tribunal Federal, defendi a Justiça Eleitoral, defendi as
urnas eletrônicas, defendi os ministros do Supremo Tribunal Federal, defendi a
democracia do nosso país, repeli a todo o momento as arguições
antidemocráticas”, disse. “Isso não significa que as instituições sejam
imutáveis, intocáveis em razão de suas atribuições”, acrescentou.
Barroso
Além de considerar
desnecessária a PEC aprovada pelo Senado, o presidente do STF afirmou
nesta quinta-feira que a matéria "não contribui para a institucionalidade
do país".
"O Supremo
Tribunal Federal não vê razão para mudanças constitucionais que visem a alterar
as regras de seu funcionamento. Num país que tem demandas importantes e
urgentes, que vão do avanço do crime organizado à mudança climática que
impacta a vida de milhões de pessoas, nada sugere que os problemas
prioritários do Brasil estejam no Supremo Tribunal Federal", declarou.
O ministro Gilmar
Mendes, decano do STF, disse que alterar as regras que garantem o funcionamento
do Supremo pode ser considerado inconstitucional. Mendes também afirmou
que a Corte não admite intimidações. "Esta Casa não é composta por covardes,
não é composta por medrosos", concluiu.
Pela PEC, ficam
proibidas decisões monocráticas para suspender leis ou atos dos presidentes da
República, da Câmara dos Deputados e do Senado. As decisões para suspensão
dessas normas devem ser tomadas de forma colegiada.
O texto segue para Câmara dos Deputados, onde não há prazo da votação da matéria. Para ser promulgada, a proposta também precisa ser aprovada em dois turnos no plenário da Casa.
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ROMAN RAITER - JUSTIÇA AO OASE