Mais de 10 mil vidas

Doutor Telmo Bastos relembra sua trajetória e fala sobre suas realizações na vida pessoal e profissional

Por Aline Christina Brehmer 02/10/2017 - 15:33 hs

Mais de 10 mil vidas
Há mais de quatro décadas o doutor Telmo Bastos é obstetra e ginecologista. Em Timbó, onde trabalha

Entro no consultório do doutor Telmo Nunes Bastos e o encontro estudando, lendo e se atualizando – uma exigência da área da medicina e de tantas outras.

Mais de quatro décadas se dedicando à medicina, mais especificamente na área da ginecologia e obstetrícia, conhecido em Timbó pelo trabalho que realiza e responsável por trazer mais de 10 mil vidas ao mundo nos últimos 42 anos, o Bastos faz uma avaliação sobre sua carreira e comenta a influência dos avanços tecnológicos na área da saúde.

“Algo extraordinário foi a mudança no ultrassom. Hoje, estamos medindo e pesando o bebê. Digo sempre que temos dois pacientes: a mãe e o filho que está por vir”, comenta o obstetra.

Segundo Bastos, cerca de 100 bebês nascem todos os meses em Timbó – uma média de 1.200 partos por ano. “Me preocupo muito com a questão da prevenção e, nesse sentido, é possível dizer que Timbó melhorou muito, em todos os sentidos. O número de abortos inclusive diminuiu”, analisa.

Bebê mais protegido e seguro

Segundo Bastos, a colaboração do ultrassom vai além do acompanhamento, visto que é possível até mesmo adiantar uma cirurgia de urgência para logo após o nascimento. “Se o feto tiver um problema na coluna, por exemplo, o ultrassom é o primeiro método a identificar isso.

Caso haja necessidade da operação, a gestante é imediatamente encaminhada a um Centro para avaliação a fim de que, quando o bebê nascer, já tenha sua cirurgia agendada logo em seguida”, explica o médico.

Outra situação detectada primeiramente pelo ultrassom é o aborto espontâneo. “Se a mãe tiver pressão alta ou diabete e o bebÊ for afetado por isso, a gestante passa a receber um tratamento específico para sua situação, para que possa (sempre que possível) garantir a saúde e vida do filho”, complementa.

Cidade de mulheres prevenidas?

Na avaliação do ginecologista, “as mulheres em Timbó estão bem conscientizadas no que diz respeito à prevenção e métodos contraceptivos”. Ele alerta às suas pacientes o cuidado, principalmente, no que diz respeito às doenças infecciosas, como a clamídia, que pode causar infertilidade.

“O uso do preservativo de forma geral se mostra alto, principalmente no começo da relação. Entretanto, após algum tempo, conforme a relação avança, o casal deixa de usar – e, infelizmente, devido à várias questões particulares, surgem problemas e doenças sexualmente transmissíveis”, diz.

Outra doença citada pelo médico é o HPV que, se não for tratado de forma adequada, pode se transformando em câncer.

Avanços na cesárea

O obstetra, no que diz respeito ao parto normal ou cesárea, evidencia os avanços em ambos os métodos. “Na década de 70 quase não se fazia cesárea. Os fios eram de má qualidade e inflamavam muito, além da anestesia, que era precária. Havia um alto índice de infecções”, relembra.

Hoje, por outro lado, Bastos diz que a cesárea se renovou, transformando-se em um procedimento cirúrgico como os demais, que, se feito de forma responsável, tende a não gerar riscos para a mãe ou bebê.

“Independentemente do método adotado pelo obstetra e pela gestante, é espetacular ver aquela explosão de vida. Quando o bebê nasce, ele chega com uma vontade de viver extrema, é algo maravilhoso e muito emocionante.

Quando faço um parto é sempre como se fosse a primeira vez. Parece fácil fazer e acompanhar um parto mas, de cada 100 pacientes, dez têm partos complicados.

Depois que bebê nasce e é entregue à mãe, vem outro momento emocionante porque o obstetra está ali, fazendo parte do primeiro momento de vida daquela criança”, revela o médico.

“Estou realizado profissionalmente”

Hoje, quase cinco décadas após sua formação, Bastos se diz realizado profissionalmente. “Considero que contribuí e fiz minha parte. Atualmente, trabalho mais com atendimento particular e convênios”.

Formado pela Faculdade de Medicina em 1969 (ligada à Santa Casa de Misericórdia), Bastos começou a atuar como médico em 1970 e, em 1975, iniciou sua prática na área de obstetrícia e ginecologia.

Ele já morou e trabalhou no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e em Santa Catarina chegou a residir em Rio dos Cedros, sendo médico de família – o que, hoje em dia, não é mais tão comum. “As famílias me convidavam para ir até sua casa e tomar café. Foi uma experiência fantástica que tive na área da Clínica Geral”, relembra.

Com tantas histórias e lembranças na memória, Bastos finaliza deixando aos nossos leitores aquela que considera a principal lição que teve nessa trajetória. “Aprendi que em primeiro lugar devo valorizar minha família, meu trabalho, meus amigos e pessoas que me rodeiam. É dessa forma que vivo cada dia”.