Desvios posturais

Por MOVIMENTO VITAL FISIOTERAPIA 03/09/2020 - 11:16 hs

Uma boa postura é a atitude que uma pessoa assume utilizando a menor quantidade de esforço muscular e, ao mesmo tempo, protegendo as estruturas dos vícios nocivos do cotidiano.

Os desvios posturais tais como a hiperlordose cervical, hipercifose dorsal, hiperlordose lombar e escoliose podem levar ao uso incorreto de outras articulações, tais como as dos ombros, cúbitos, Disfunção Temporomandibular, quadris, joelhos e pés.

Manter posturas erradas por tempo prolongado pode acarretar alterações posturais, ocasionando enrijecimento das articulações vertebrais e encurtamento dos músculos. Esses defeitos estruturais causam alterações das curvaturas normais da coluna vertebral, tornando-a mais vulnerável as tensões mecânicas e traumas.

Os desvios na coluna vertebral raramente ocorrem num único plano e são geralmente em três dimensões. Muitas vezes, são definidas como uma deformidade de torção tridimensional da coluna vertebral e do tronco e podem ocorrer isoladas ou associadas.

A coluna vertebral é composta por 33 vértebras que são unidas por determinados componentes, como os discos intervertebrais e ligamentos, por exemplo. Ela estende-se do crânio até a parte mais alta do cóccix.

Nossa coluna possui algumas curvaturas que são fisiológicas, ou seja, são naturais. Essas curvas são denominadas como cifose e lordose, sendo que apresentamos uma lordose cervical, cifose torácica, lordose lombar e uma cifose coccígea.

Quando há alterações nessas curvas denominamos de hiperlordose ou hipercifose, que representam um aumento exagerado. Também podem ocorrer casos de hipercifose cervical (onde a curva fisiológica se inverte) e também a retificação das curvaturas fisiológicas, que nada mais é do que a ausência da curva fisiológica.

Outro desvio bastante conhecido é a escoliose, que é um desvio lateral das vértebras. Esse desvio pode acontecer tanto na parte superior quanto na inferior (escoliose em C) ou em ambas (escoliose em S).

A curvatura anormal da coluna vertebral pode resultar de doença da coluna vertebral, incluindo trauma ou desequilíbrio do sistema neuromuscular. Pode ser congênita. Pode ser produzido por pernas de comprimentos diferentes. A doença leve é geralmente indolor, mas, como deformidade cresce, a dor normalmente pode aparecer. 

As principais causas de desvios anormais da coluna são anomalias congênitas, processos patológicos que afetem as vértebras, hábitos viciosos de postura e traumatismos, mas eles podem também ter causas desconhecidas (idiopáticas).

A cifose torácica pode ser causada por osteoporose, osteocondrose espinhal, erros posturais e traumas, ou ser multifatorial, envolvendo mais de uma dessas causas. A lordose em geral surge para compensar deformidades de quadril, principalmente em decorrência da obesidade.

Em mulheres, a curvatura pode ainda ser aumentada pelo uso excessivo do salto alto, práticas frequentes de dança como o balé ou na gravidez.

A escoliose é idiopática na maioria das vezes e pode ser originada na infância, na fase juvenil ou na adolescência, mas também pode ser decorrente de miopatias, osteopatias, alterações funcionais ou posturais.

Pode haver cifose e lordose ao mesmo tempo, devidas a movimentos compensatórios de adaptação ou associação da cifose com a escoliose (cifoescoliose), normalmente por doença congênita.

Alguns desvios de coluna são assintomáticos. Quando há sintomas, eles dependem da causa, localização e intensidade do desvio. O maior e mais chamativo sintoma é a dor, principalmente nas costas ou na nuca.

Podem ocorrer deformações esqueléticas compensatórias, o que acaba por sobrecarregar as articulações, provocando um maior esforço e alterando a eficiência das suas funções.

Os desvios de coluna habitualmente são de instalação lenta e podem causar alterações da sensibilidade e rigidez da coluna. Os desvios de coluna podem ser diagnosticados através das queixas dos pacientes, do exame clínico, que detectará uma curvatura anormal da coluna vertebral, exame neurológico e do exame radiográfico.

O exame neurológico evidenciará se a pessoa apresenta sinais e sintomas nessa área, decorrentes de compressões nervosas, como alteração da sensibilidade, dos reflexos e da função motora ou do equilíbrio, dor, adormecimento, sensação nas extremidades, espasmo muscular, alterações nos intestinos e/ou na bexiga.

O exame radiográfico permitirá identificar a existência de desvios e medir o alinhamento das curvaturas da coluna, as quais podem ser medidas, entre outras maneiras, pelo método de Cobb, conhecido dos especialistas. Ressonâncias magnéticas, tomografias computadorizadas e cintilografias ósseas podem complementar o diagnóstico.

Os tratamentos dos desvios de coluna dependem das suas causas, da idade do paciente e das eventuais deformidades vertebrais. Nos casos não cirúrgicos são indicados exercícios físicos, fisioterapia, estimulação elétrica, sapatos com salto e sola especiais e/ou o uso de coletes.

A intervenção cirúrgica é indicada para pacientes adultos, em casos especiais, por motivos funcionais, estéticos ou dolorosos e realizada normalmente em situações em que a curvatura é maior que 80º. Quando o desvio é causado pela obesidade, a perda de peso é necessária para a correção ser mais eficaz.

Os objetivos do tratamento são: parar a progressão da curva na puberdade (ou possivelmente até mesmo reduzi-la), prevenir ou tratar a disfunção respiratória, prevenir ou tratar síndromes de dor na coluna vertebral, melhorar a estética através da correção postural.

Hiperlordose

A hiperlordose é acentuação da curvatura da coluna, que comumente ocorre na região lombar. Ela é pode ser ocasionada por fatores genéticos ou por má postura.

Comumente, este desvio gera uma anteversão pélvica, fazendo com que além do aumento da curva, haja uma compressão dos discos lombares que em estado extremo, e com a sobrecarga diária, pode vir a causar um quadro de hérnia de disco.

A fraqueza da musculatura abdominal e a contração de determinados grupos musculares de modo incorreto, também podem gerar a acentuação da curvatura lombar e compressão discal. Gestantes e pessoas obesas podem ter hiperlordose lombar devido ao deslocamento do centro de gravidade.

Hipercifose

A hipercifose é o aumento da curvatura da coluna torácica. Ela pode variar de indivíduo para indivíduo e se instalar durante a fase do crescimento ou durante a vida adulta. A principal causa desse desvio são as posturas incorretas durante as atividades diárias.

Esse mau posicionamento adotado por período prolongado, também favorece o desequilíbrio muscular, encurtando e aumentando de modo não saudável o tônus da musculatura da região peitoral (dando a aparência de corcunda) e a longo prazo dos músculos cervicais.

Escoliose

A escoliose se trata da presença de uma ou mais curvaturas na coluna vertebral no sentido lateral. Uma curvatura é denominada escoliose em C, já em mais de uma curvatura é denominada de escoliose em S. Provoca o desgaste dos ossos e discos intervertebrais resultando em deformidades visíveis na coluna vertebral. Sua causa também varia entre idiopática, genética e maus hábitos.

Quando relacionado a maus hábitos, esses desvios posturais se justificam como forma de compensação quando distribuímos o peso do nosso corpo de modo não uniforme por tempo prolongado.

O exercício físico, além de trazer diversas adaptações fisiológicas como: melhora do volume de oxigênio, volume de ejeção (melhorando a eficiência do coração) melhora do sono, do humor (devido a liberações e regulações hormonais), ele também proporciona adaptações musculares e neurais como: força, potência, resistência, consciência corporal, equilíbrio, etc.

Temos na prática de exercício físico regular um importante meio de tratar e prevenir diversas patologias, inclusive os desvios posturais. 

O exercício físico tem o papel de auxiliar a fisioterapia fazendo com que haja uma melhora significativa no quadro do desvio postural. O exercício físico faz com que o indivíduo além de executar o treino de modo correto, no que diz respeito aos aspectos biomecânicos, faz com o que o praticamente reflita, repense e mude seus hábitos, por isso a importância da prática regular de exercícios. 

Procure um fisioterapeuta e faça uma avaliação postural o quanto antes.


 Texto: Dra. Bárbara Maurício Nascimento 
CREFITO 10 74799F

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